Como destacamos na análise de conjuntura, vivemos um período marcado por intensas disputas nos campos econômico, social e político, que se entrelaçam e se retroalimentam em um cenário de profunda polarização e crise estrutural. No entanto, a correlação de forças atual não se apresenta favorável aos setores progressistas e democráticos, o que impõe um desafio histórico à nossa geração: enfrentamento ao projeto político autoritário, reacionário e neofascista que ganha terreno no país. Esse contexto exige uma atuação firme, articulada e capaz de construir alternativas viáveis e mobilizadoras.
O Estado de São Paulo, como principal centro econômico e político do país, desempenha um papel central nesse cenário, configurando-se não apenas como um dos principais “berços” desse avanço conservador, mas também como um espaço essencial de resistência e disputa de hegemonia.
Nesse sentido, considerando a complexidade do momento histórico e a necessidade de uma atuação política à altura dos desafios, elencamos abaixo eixos táticos fundamentais para orientar os trabalhos do PSOL São Paulo em 2025. Esses eixos não se limitam a responder às urgências imediatas do ano presente, mas também lançar as bases para um partido que em 2026 enfrentará um novo ciclo eleitoral de grande relevância.
Assim, o objetivo é construir um partido fortalecido, capaz de enfrentar as raízes estruturais da crise que assola o Brasil, ao mesmo tempo em que aponta caminhos concretos para a superação dos desafios do próximo período. Isso implica não apenas uma atuação reativa às conjunturas adversas, mas a elaboração de uma tática clara, organizada e mobilizadora, que prepare o PSOL para consolidar-se como uma alternativa política viável, conectada às demandas populares e apta a disputar hegemonia em um cenário marcado por incertezas e transformações aceleradas.
Diretrizes
1. Fortalecer e organizar a oposição ao Governo Estadual de Tarcísio de Freitas: O governo Tarcísio de Freitas configura-se como uma expressão política do bolsonarismo em âmbito estadual, estabelecendo uma ponte entre o projeto ultraliberal e autoritário de Jair Bolsonaro e setores da direita tradicional, como o PSDB, com os quais mantém diálogo e alianças estratégicas. Essa convergência de interesses entre o bolsonarismo e partidos historicamente consolidados no cenário político paulista reforça uma agenda regressiva, que aprofunda as desigualdades e ataca direitos fundamentais da classe trabalhadora.
Entre as medidas mais emblemáticas desse retrocesso, destacam-se a “Operação Escudo”; a reforma administrativa; as privatizações de patrimônios e serviços essenciais; a anistia das multas aplicadas durante a pandemia; e a mudança agressiva na política de segurança pública, que amplia a militarização e a violência institucional, especialmente contra as periferias e populações marginalizadas. Essas ações não apenas consolidam um projeto de desmonte do Estado, mas também reforçam uma lógica de governança autoritária e excludente, que aprofunda a crise social e econômica no estado de São Paulo.
2. Regionalização do partido e seu acompanhamento por macrorregiões: para potencializar a atuação do PSOL em São Paulo, propõe-se uma reorganização interna que leve em consideração as especificidades territoriais e sociopolíticas do estado, dividindo-o em macrorregiões estratégicas. Essa divisão permitirá um acompanhamento mais próximo e qualificado das demandas locais, além de facilitar a articulação entre as bases militantes, os movimentos sociais e as lideranças partidárias. Cada macrorregião poderá atuar no fortalecimento das principais lutas, na organização popular e adaptar as diretrizes nacionais e estaduais às realidades regionais.
Essa estrutura visa garantir que o partido esteja enraizado em todos os territórios, ampliando sua capilaridade e capacidade de intervenção política. Além disso, o acompanhamento por macrorregiões permitirá identificar e potencializar as particularidades de cada área, seja no enfrentamento às políticas neoliberais do governo estadual, seja na construção de alternativas locais que dialoguem com as necessidades concretas da população. Essa proposta reforça o compromisso do PSOL com uma política de base, democrática e conectada às lutas reais da classe trabalhadora em todo o estado.
3. Aperfeiçoamento da política das cidades-sede: A consolidação de uma estratégia territorial citada acima passa necessariamente pelo fortalecimento e reorganização das cidades-sedes, que desempenham um papel central na articulação política e logística dentro das macrorregiões do estado. Essas cidades, por sua localização geográfica e capacidade de influência, funcionam como polos dinamizadores de atividades políticas, econômicas e culturais, sendo fundamentais para a construção de uma presença partidária capilarizada e enraizada nas diversas realidades regionais.
Essa abordagem deve estar alinhada à perspectiva de divisão por macrorregiões, garantindo que as ações sejam coordenadas de forma estratégica e adaptadas às particularidades de cada território. O objetivo é transformar essas cidades em pontos de referência para a organização popular, ampliando a capacidade de intervenção do partido e fortalecendo a luta por direitos e transformações estruturais em todo o estado.
4. Tática Eleitoral e Grupo de trabalho eleitoral: A preparação para as eleições de 2026 deve começar imediatamente, com a manutenção do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) dedicado a estruturar uma tática clara e eficaz. Esse grupo, terá como missão elaborar um cronograma detalhado que contemple todas as etapas necessárias para consolidar o PSOL como uma alternativa viável e competitiva no cenário eleitoral. A primeira fase, a ser desenvolvida ao longo de 2025, será direcionada ao mapeamento de candidaturas e lideranças; construção de alianças estratégicas com setores progressistas e a ampliação da base de apoio popular, por meio de campanhas temáticas e ações de rua que dialoguem diretamente com as necessidades da população.
Já em 2026, o foco será a consolidação da campanha eleitoral propriamente dita, com uma comunicação engajadora e uma plataforma programática que reflita os anseios da classe trabalhadora. Essa atuação política, iniciada desde já, visa não apenas garantir resultados eleitorais expressivos, mas também fortalecer o partido como um instrumento de transformação social, capaz de disputar hegemonia e enfrentar os desafios do próximo período.
5. Calendário de Lutas:
a) Dia Nacional de Mobilização – 30/03: “SEM ANISTIA! PRISÃO PARA OS GOLPISTAS!”: O dia 30/03 remete à memória do golpe de 64 e à luta por justiça e reparação. Ao mesmo tempo, está em andamento a luta pela punição dos golpistas liderados por Bolsonaro, que tenta organizar sua base em defesa da anistia. Os movimentos sociais estão na luta para que não avance o projeto de anistia e que todos os golpistas, inclusive Bolsonaro, sejam punidos e presos. Por isso, é muito importante que nossas organizações e movimentos se engajem na construção de mobilizações no dia 30. Diante disso, o PSOL convoca toda militância do partido a se somar às mobilizações e atos nesse dia 30/03.
b) Festival Movimento Mulheres em Luta (MEL): Acreditamos que esta iniciativa é de grande importância por dois motivos. Primeiro porque as mulheres são a vanguarda da luta contra a extrema-direita, desde a Primavera Feminista até o seu auge no processo do “#EleNão”. Mais recentemente, também demonstraram força ao barrar a votação do PL 1904, que restringiria o direito ao aborto legal no Brasil. Diante desse histórico, é fundamental articular os inúmeros coletivos e pautas feministas, que são um importante saldo político do período anterior de ascenso, fortalecendo a classe trabalhadora na luta contra o neofascismo e ampliando o alcance da mobilização em nível nacional. O festival ocorre de 11 a 13/04 na cidade de São Paulo.
c) Plebiscito Popular para reduzir a jornada de trabalho/Fim da escala 6X1/Isentar IR e taxar os bilionários: Os movimentos populares, centrais sindicais, organizações de juventude, partidos progressistas e entidades da sociedade civil que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deliberaram construir neste ano um Plebiscito Popular para consultar a população sobre temas fundamentais, com as seguintes perguntas:
1) Você é favorável à redução da jornada de trabalho sem redução salarial?
2) Você é favorável ao fim da escala 6×1 para as categorias de trabalhadores que não querem esse regime de trabalho?
3) Você é favorável a que quem recebe até R$5.000 de salário não seja tributado e que os bilionários paguem imposto de renda? (pergunta passível a ajuste dentro da mesma linha política).
O plebiscito popular irá ocorrer de 1º a 7 de setembro, com calendário de mobilização de abril a agosto. O PSOL SP se incorpora e convoca toda militância para fazer parte das atividades do Plesbicito Popular!
Calendário:
30/03 – Ato SEM ANISTIA
11 a 13/04 – Participar do festival Mulheres Em Luta
01/05 – Participar dos atos em todo estado
01 a 07 de setembro – Plebiscito Nacional
São Paulo, 29 de março de 2025.
Diretório Estadual – PSOL São Paulo