- Em todo o mundo se observa o avanço e consolidação de forças de extrema direita. Com o retorno de Trump nos EUA, movimentos extremistas e neofascistas se articulam na Europa e América Latina, como França, Alemanha, Itália, Argentina, Chile, entre outros.
- Nos últimos 18 meses o mundo acompanha a brutalidade do Estado de Israel com um verdadeiro genocídio em curso na faixa de Gaza, com mais de 50 mil mortos e um cessar-fogo interrompido. Hoje já são cerca de 6 milhões de refugiados palestinos, consequência do não reconhecimento do Estado Palestino e da fragilidade dos organismos internacionais.
- No Brasil, as forças bolsonaristas seguem com o monotemático grito pela anistia dos envolvidos na trama golpista, como maneira de garantir a participação do então ilegível Jair Bolsonaro nas próximas eleições. No dia 30 de março, antevéspera do golpe de 64, acontecerá uma importante manifestação contra o projeto inconstitucional de anistia, organizado pela Frente Povo sem Medo e com importante protagonismo do PSOL.
Estado de São Paulo
- O Estado de São Paulo vive, sob a gestão Tarcísio de Freitas, um ambiente de retração de direitos sociais, avanço do neoliberalismo privatista, agravamento do autoritarismo estatal e recrudescimento da violência policial, ambiente ideal para manutenção da política bolsonarista que encontra no estado de São Paulo seu maior refúgio e em Tarcísio de Freitas uma liderança capaz de alcançar o Planalto.
- As últimas pesquisas mostram o crescimento da aprovação do governo Tarcísio que lidera com folga as intenções de voto para a reeleição. Ainda que as eleições estejam distantes, os dados ajudam a reforçar as possibilidades de sua pré-candidatura à presidência da República, em substituição ao inelegível Jair Bolsonaro.
- O ato convocado para dia seis de abril na Avenida Paulista, reunindo figuras da extrema-direita com o pedido de anistia como grito de guerra, é o teste de mobilização do bolsonarismo paulista e pode ser lido como o lançamento da pré-candidatura de Tarcísio, com a desistência da candidatura natimorta de Gusttavo Lima e o recuo de Caiado à pauta única do “Anistia Já!”.
- Com o favoritismo de Freitas para substituir Bolsonaro, a concorrência para ocupar o Palácio dos Bandeirantes se revela com nomes da centro-direita, direita e ultradireita, como Gilberto Kassab, Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Rodrigo Manga. As indecisões em torno do nome de Alckmin e a não postulação de nomes progressistas geram um ambiente de incertezas para as eleições de 2026.
A Capital da Uberização e da Precarização do Trabalho
- São Paulo se tornou o laboratório da uberização do trabalho no Brasil. O governo estadual se omite diante das demandas dos trabalhadores por regulamentação e proteção social, favorecendo empresários e aplicativos que exploram mão de obra sem garantias trabalhistas.
- A terceirização e a precarização do trabalho se expandem para o setor público, por meio da “Reforma Administrativa”, com a privatização de serviços essenciais e a ausência de concursos públicos. No Metrô, o governo estadual segue implantando a operação dos trens da Linha 15-Prata sem operador maquinista, em um claro ataque aos trabalhadores e à segurança dos usuários.
Militarização e a Política de Extermínio
- A segurança pública no governo Tarcísio é marcada pela violência policial e pela militarização das políticas públicas. O secretário de Segurança, Guilherme Derrite, incentiva ações truculentas que resultam em chacinas e execuções, sem a devida responsabilização da corporação.
- Sob o comando de Derrite, e por consequência, a direção de Tarcísio, mortes por PM’s aumentaram 98% em São Paulo. Entre os casos de grande repercussão estão a execução pelas costas, em um mercado, do jovem negro Gabriel Renan da Silva, e também a “Operação Escudo”.
- A repercussão de tantos outros casos, como a agressão de idosa por parte de agentes da PM e o vídeo que flagrou policiais lançando um jovem da ponte, produz um apelo popular capaz de reforçar o uso das câmeras corporais, com o recuo do governador.
- O projeto de implantação das escolas cívico-militares representa uma ameaça aos princípios de uma educação pública, democrática e inclusiva. Essa militarização da educação é um retrocesso que se expressa pela estigmatização de estudantes, a redução da autonomia pedagógica e o reforço de uma cultura autoritária, além de reforçar uma cultura autoritária, priorizando a obediência e a hierarquia em detrimento do pensamento crítico e da autonomia dos estudantes, valores essenciais para a formação cidadã por meio de uma educação democrática e inclusiva.
Privatizações: A Venda do Estado para o Setor Privado
- O governo Tarcísio tem acelerado a privatização de serviços públicos essenciais. A venda da SABESP, leilões de linhas da CPTM, ameaças no Metrô e a terceirização de escolas aprofundam desigualdades e reduzem o acesso da população a direitos fundamentais.
- A liberação para a privatização das escolas em São Paulo é a última cartada para dar sequência à destruição da carreira do magistério e ao fim da gestão pública da Educação no Estado. Tudo isso somado à aprovação do projeto que diminui o orçamento mínimo obrigatório da educação, retirando mais de 10 bilhões da educação paulista.
A Reforma Agrária às Avessas e a Concentração Fundiária
- A política agrária de São Paulo, sob Tarcísio, favorece o agronegócio e os grandes latifundiários, enquanto avança sobre comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária. Em vez de ampliar o acesso à terra para trabalhadores e pequenos agricultores, o governo tem promovido o que podemos chamar de “reforma agrária às avessas”, incentivando despejos e favorecendo a especulação imobiliária e a agroindústria.
- A antirreforma agrária paulista entregou milhares de hectares de terras devolutas para a mão de grandes proprietários de terra, com valores que chegam a 10% do preço de mercado, em uma sinalização forte ao agronegócio e aos grileiros do Pontal do Paranapanema.
A Crise da Segurança Alimentar e o Custo de Vida Explosivo
- A insegurança alimentar ainda segue elevada em São Paulo, enquanto os preços dos alimentos disparam, o governo de Tarcísio desonera grandes empresas, mas mantém impostos elevados sobre itens da cesta básica, com ICMS zerado apenas para parte dos itens essenciais.
- O alto custo do transporte público, a água e a energia elétrica com tarifas injustas contribuem ainda mais para a carestia e a redução do poder de compra dos paulistas.
A ALESP: Um “Puxadinho” do Palácio dos Bandeirantes
- A Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) tem sido conivente com os retrocessos do governo Tarcísio. Em boa parte das vezes, o PSOL tem sido grito solo diante das arbitrariedades da gestão.
- Em março de 2025, a deputada Paula Nunes (PSOL), integrante da Bancada Feminista, foi a única candidata da oposição para a presidência da ALESP, contando apenas com os votos do próprio partido, já que o restante da oposição optou pelo apoio à reeleição do bolsonarista André do Prado (PL).
- É essencial destacar a altivez e imprescindibilidade dos parlamentares do PSOL. Hoje, sob a liderança de Guilherme Cortez, as deputadas Ediane Maria, Paula da Bancada Feminista, Mônica do Movimento Pretas e o deputado Carlos Giannazi, dão exemplo de combatividade, oposição programática e diálogo com movimentos populares.
Construir uma Frente Popular para Derrotar o Bolsonarismo em São Paulo
- A ausência de lideranças estaduais fortes fora do parlamento e a baixa mobilização popular dificultam a resistência ao governo Tarcísio. Sua popularidade e articulação nacional exigem dos movimentos e forças populares unidade na ação, criando barreiras para o crescimento da extrema direita em São Paulo.
- O pedido de impeachment de Tarcísio e Derrite, assinado por 110 entidades, demonstra a capacidade da disputa política estadual e da denúncia incessante dos desmandos da gestão estadual, violenta, ruralista e incapaz de dialogar com as necessidades da maioria pobre. Nesse sentido, criar trincheiras de oposição no interior paulista é tarefa urgente.
- Para derrotar o bolsonarismo paulista é fundamental construir uma frente ampla popular, reunindo partidos, sindicatos e movimentos sociais que criem condições de mobilizações imediatas e construam uma alternativa eleitoral unitária do campo popular. A luta por terra, teto, trabalho, pão e paz deve ser o eixo central desse movimento.
São Paulo, 29 de março de 2025.
Diretório Estadual – PSOL São Paulo