O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar total repúdio a operação da Polícia Militar do Estado de São Paulo que assassinou Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas 4 anos de idade, e Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos, na na noite desta terça-feira (5/11), no Morro do São Bento, em Santos.
Os dois adolescentes, entre eles Gregory, que veio a falecer, foram alvejados em um suposto confronto com a polícia, enquanto Ryan foi atingido quando brincava com outras crianças na frente de casa. Sobre a morte de Ryan, a própria PMESP admitiu que o disparo provavelmente partiu da arma de um policial.
A Baixada Santista, que há muito tempo é palco desse tipo de operação truculenta, viveu o horror de duas operações que entraram para a História com um dos maiores massacres perpetrados pela Policia Militar no Estado de São Paulo. As operações Escudo e Verão, realizadas entre julho de 2023 e abril de 2024, foram marcadas por execuções sumárias, torturas e violações de direitos, deixando 84 vítimas fatais e centenas de presos. Uma dessas vítimas fatais foi Leonel Andrade Santos, pai do pequeno Ryan, também assassinado pela PMESP.
As operações são investigadas até hoje pelos indícios de ilegalidade, a ausência de provas de que os agentes do estado agiram em legítima defesa, a falta de análise dos locais de crime, ocultação de provas e demonstração de interesse público dessas operações.
Na operação no Morro do São Bento, a Polícia Militar repete o modelo de extermínio em que se baseia a Segurança Pública do Estado de Paulo chefiado por Tarcísio de Freitas, que reproduz uma política de morte da população negra e periférica.
Operações como essa não tem qualquer comprovação de eficácia contra o crime organizado. Na maioria dos casos investigados nas Operações Escudo e Verão, sequer há provas de que de fato houve confronto, o que é sistematicamente alegado pelos agentes envolvidos, que não usavam câmeras corporais, e é refutado pelas comunidades e pelas provas materiais das ações. É o caso de Leonel, pai de Ryan, acusado de entrar em confronto com a polícia, apesar de ser um homem com deficiência que usava duas muletas para se locomover.
As operações deixaram um rastro de morte na região e são condenadas internacionalmente, além de terem agentes de segurança investigados criminalmente pelas execuções.
Operações policiais que tenham como objetivo entrar em comunidades periféricas com força letal dignas de uma guerra, sem qualquer indício de combate efetivo ao crime organizado, sem o uso da inteligência e muitas vezes motivadas por vingança, não podem continuar acontecendo.
Nada justifica que crianças sejam executadas durante uma operação policial que se pretende de combate ao crime. Mais vidas foram ceifadas por essa política genocida, que acha normal transformar a vida da população pobre num verdadeiro inferno, com medo de sair de casa, andar na rua, e até de levar o seu filho para a escola.
Essa política apenas aprofunda as desigualdades sociais e transformam as periferias num campo de concentração, reproduzindo o modelo militarizado de polícia que persiste desde a Ditadura Civil-Militar e que mata o nosso povo todos os dias.
Mais um verão se aproxima e já foi anunciado reforço do contingente policial na região. Repudiamos totalmente esse tipo de operação, o modelo militarizado de polícia, a repressão nas periferias e as operações violentas e ilegais que há décadas violam direitos humanos.
Reivindicamos a investigação imediata dos responsáveis diretos pelo assassinato de Ryan e Gregory, bem como a responsabilização do Governor do Estado e do Secretário de Segurança Público do Estado de São Paulo pela operação.