Em 4 dias, 2 testemunhas-chave de casos supostamente ligados ao bolsonarismo foram encontradas mortas. No domingo (17), a polícia encontrou o corpo de Claudinei Coco Esquarcini, em Medianeira, no Paraná. Ele era vigilante e diretor da ARESF (Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu), local onde ocorreu o assassinato a tiros do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho, no dia 9 de junho, em Foz do Iguaçu.
Arruda, que tinha um bebê de apenas um mês de vida, comemorava seu aniversário com a família e foi executado na presença da esposa, amigos e filhos. O tema da decoração da festa era PT e Lula.
De acordo com o advogado da família da vítima, Claudinei seria o responsável pelo controle das imagens das câmeras de vídeo do clube e pode ter sido o responsável pela divulgação destas imagens para terceiros, inclusive para Guaranho, que teria sido motivado a cometer o assassinato após ver a comemoração por vídeo.
Outra morte ocorreu na noite de ontem (19). A polícia encontrou o corpo de Sérgio Ricardo Faustino Batista, Diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa Econômica Federal, área que recebe denúncias sobre qualquer assunto, inclusive de assédio sexual, como as feitas contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães, aliado de primeira hora de Bolsonaro.
Em ambos os casos, a polícia aponta que se tratam de suicídios. No caso do vigilante do Paraná, alguns portais, como o Metrópoles, divulgaram notícia de que havia imagens de Claudinei se jogando de um viaduto com o intuito de se suicidar. Entretanto, mesmo na hipótese de confirmação dos suicídios, alguns questionamentos permanecem.
O que teria motivado essas duas mortes? Seria peso na consciência do vigilante e do diretor da Caixa por terem sido, ainda que indiretamente, responsáveis ou coniventes nos casos citados? Houve algum tipo de pressão externa, ameaças ou algo semelhante aos dois e às suas famílias no sentido de omitir informações à polícia? Ou se trata de uma grande coincidência que duas testemunhas-chave de casos supostamente relacionados ao bolsonarismo tenham se suicidado?
No caso da morte de Arruda, portais de notícias divulgaram que o presidente Jair Bolsonaro tentou, de alguma maneira, intervir junto aos irmãos da vítima. Sabe-se, também, que a procuradora responsável pelo caso está conduzindo as investigações de uma maneira que está sendo muito questionada pela opinião pública, pois descartou a hipótese de crime político.
Já no caso da Caixa, a morte foi registrada como suicídio na polícia civil do Distrito Federal, mas ainda não se sabe por quais meios Sérgio morreu de fato. Nas duas situações, é preciso que haja uma investigação imparcial por parte da polícia e do Ministério Público para apurar tudo. Há muitas perguntas a serem respondidas.