Em meio a protestos de ativistas e militantes negros, hoje o Conselho de ética da ALESP decidiu pelo arquivamento do pedido de cassação do deputado estadual Wellington Moura (Republicanos) feito pela deputada estadual Monica Seixas (PSOL).
Não é novidade que as mulheres, especialmente as negras e transgêneres desta casa sejam violentadas fisica ou moralmente, seja por abuso sexual, por silenciamento ou constrangimento em plenário. Infelizmente a violência política institucional de raça e gênero é a regra na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Contudo, desde o último dia 17, a violência por parte de deputados ligados ao bolsonarismo vem escalando nas últimas semanas. Por este motivo, a deputada Monica Seixas entrou com representações no Conselho de Ética pedindo a cassação do deputado Wellington Moura por dizer que colocaria um cabresto em sua boca.
Apesar da visibilidade que o caso tomou nas últimas semanas o Conselho de ética decide arquivar o pedido. Vale ressaltar que o cabresto é um arreio de corda ou couro que serve para prender ou controlar animais. Isso proferido por parte de um deputado à uma parlamentar negra deflagra um sentido racista que não passa despercebido. Se uma parlamentar mulher sofre violências desse tipo na ALESP, quem dira as demais negras e negros desse país que sofrem calados cotidianamente e sem o amparo da justiça.
O racismo que aconteceu com a deputada é apenas um exemplo do que ocorre cotidianamente na vida de mulheres negras e que sem amparo do estado são parte das estatísticas. Nos posicionamos hoje contra a lastimável decisão do Conselho de Ética para que não só outras parlamentares mas também mulheres negras não sofram com este tipo de violência novamente.
ALESP deveria ser exemplar na punição deste caso, é inaceitável que a maior casa legislativa da América Latina negue a cassação de um deputado com uma fala pública e notoriamente racista e machista contra uma deputada negra democraticamente eleita.
Somos muitas e não nos calaremos!