Mais um capítulo de aporofobia aconteceu na cidade de São Paulo. O padre Júlio Lancellotti denunciou que a Guarda Civil Metropolitana está atrapalhando a distribuição de quentinhas para pessoas em situação de rua na Praça Princesa Isabel, centro da capital. A denúncia foi evidenciada pelo G1 hoje (05/04).
O padre Júlio vem denunciando há tempos as práticas das autoridades públicas paulistanas e divulgado que a prefeitura vem agindo com aporofobia. Mas você sabe o que é aporofobia? O termo, cunhado pela filósofa espanhola Adela Cortina, vem da junção das palavras gregas “aporos”, que significa pobre, e da palavra “fobia”, que indica a ação de odiar, rejeitar. Ódio aos pobres: esse é o significado da palavra.
No caso denunciado pelo padre, poderíamos até ampliar o conceito, indicando uma espécie de aporofobia institucional, pois é praticada pelo Estado, no caso a prefeitura paulistana de Ricardo Nunes (MDB).
E como se expressa a aporofobia na prática? Em geral, é por meio de intervenções urbanísticas das prefeituras que essa prática se apresenta mais claramente. Em megalópoles como São Paulo, é normal ver espetos de metal pelo chão e luzes fortes em túneis, pontes e viadutos para evitar que pessoas em situação de rua se deitem. A prática de colocar divisórias nos bancos de praça tem a mesma finalidade.
Existem situações ainda mais agressivas, como a derrubada ou a destruição de barracas, o jateamento com água gelada direcionado a quem dorme na rua ou, como o caso denunciado pelo padre Júlio, o impedimento de ações de caridade a essas pessoas vulneráveis.
O PSOL-SP tem apresentado projetos contra essa “arquitetura hostil” em diversas cidades, como em São Paulo e São José do Rio Preto, e também colabora para construir medidas semelhantes em nível federal, como o projeto de Lei Padre Júlio Lancellotti, que está parado na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados.