— Chamada por solidariedade a Assange #freeAssangeNOW —
No último sábado, 11/12, a justiça do Reino Unido derrubou a liminar que impedia a extradição de Julian Assange por meio de recurso apresentado pelo governo dos EUA. Este é o episódio mais dramático até agora na campanha pela sua liberdade, em meio a um longo processo de deterioração de sua saúde e à prolongada tortura psicológica sofrida há mais de 11 anos [1].
O ativismo de Julian Assange por meio da agência Wikileaks foi fundamental para expor o mecanismo geopolítico da vigilância como parte de um projeto autoritário e neocolonial promovido por governos e corporações [2]. Por isso, a luta pela liberdade de Julian Assange é a luta pela liberdade de imprensa, contra o imperialismo comandado pelos EUA, o punitivismo e o vigilantismo.
O momento exige o máximo de solidariedade internacional, especialmente do Brasil. Aqui a perseguição estatal pela via do judiciário e da polícia tem avançado pelas mãos de Moro e Bolsonaro, que estarão colocando seu projeto nas eleições de 2022. Por isso fazemos um apelo para que todes do PSOL, especialmente suas bancadas e dirigentes, se engajem na campanha contra sua extradição.
Um comitê de solidariedade à Assange deve ser criado imediatamente para fazer vigília constante de seu caso e promover ações mais significativas! #FreeAssangeNOW.
— A perseguição judicial a Assange por parte dos EUA e Reino Unido —
O coletivo ‘Médicos por Assange’ pede sua soltura imediata e cancelamento do processo de extradição após a notícia de que ele havia sofrido um pequeno AVC no dia 26 de outubro, durante a primeira audiência do pedido de extradição perpetrado pelo governo dos EUA. Não há provas de que o governo norte americano possa garantir a segurança e a saúde de Assange dentro do sistema prisional desumano dos EUA [3].
Ao longo dos 11 anos de perseguição pelo governo dos EUA, Assange tem sofrido com a detenção arbitrária, prolongada tortura psicológica, negligência médica proposital, confinamento solitário, campanha de difamação constante na mídia, obstrução do acesso à defesa constituída e violação do devido processo em seu julgamento – envolvendo argumentos chave da acusação no caso da extradição baseados em mentiras, presunção de culpa, vigilância ilegal de sua equipe jurídica pela CIA (que inclusive planejou, em 2017, seu sequestro e assassinato [4]).
— Ameaça à democracia e o projeto autoritário —
O caso de Assange é uma ameaça que paira sobre a comunidade internacional e às premissas básicas da democracia formal (como a liberdade de imprensa e integridade do processo legal), com graves consequências para países como o Brasil. Aqui, essas mesmas premissas são violadas consistentemente pelo sistema policial e judiciário, quando perseguem jornalistas e políticos, encareceram e matam anualmente milhares de pessoas – sobretudo a juventude negra, pobre e periférica.
A perseguição estatal pela via do judiciário e da polícia tem avançado pelas mãos de Moro e Bolsonaro, que posicionam seu projeto nas eleições de 2022. Por isso, defender Assange é um passo central para colocar uma cunha no processo de escalada do autoritarismo que cresce em todo mundo.
— Quem é Assange e o Wikileaks. —
Assange fundou o Wikileaks, em 2006, para dar transparência às ações ilegais promovidas por Estados e grupos poderosos. Desde então, a agência tornou-se ferramenta fundamental nas lutas antiimperialistas, pelos direitos humanos e da liberdade de informação, expondo o alcance da vigilância como alavanca no jogo geopolítico por meio do domínio de dados de milhões de inocentes. A partir de seu trabalho e de seus colaboradores internacionais, passamos a conhecer com maior profundidade os fatos referentes ao avanço do projeto autoritário de governos e corporações sobre a infraestrutura da internet e sua imbricação com os sistemas judiciário, militar e empresarial – como forma de vigiar populações e governos, bem como criar novas formas de extração de valor, renovando a dependência em países periféricos como da América Latina e África [2].
O Wikileaks, entre 2007 e 2010, expôs os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão por meio das séries ‘Assassinato Colateral’ e ‘Afghan War Logs’. Em 2015, revelou que 29 chefes de Estado (incluindo Dilma Rousseff e Angela Merkel) estavam sob vigilância constante pela Agência Nacional de Segurança (NSA) a mando do governo dos EUA, quando Obama era presidente e Biden vice, com intuito de roubar segredos industriais e de governo.
— As tarefas da Esquerda Socialista —
O PSOL deve assumir uma postura enfática e de liderança em uma campanha pela liberdade de Assange junto às demais organizações de Esquerda e movimentos sociais. Para isso é importante envolver toda sua militância, suas bancadas, dirigentes, diretórios bem como de suas pré-candidaturas.
Saudamos a iniciativa dos deputados Glauber Braga e David Miranda, que deram importante passo encaminhando à Câmara Federal requerimento na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional cobrando posicionamento do Brasil em apoio a Julian Assange [5], mas são necessárias ações consistentes em tal campanha, por isso propomos a criação de um Comitê em solidariedade a Assange, com apoio e mobilização de todas as instâncias do PSOL.
Assinam este texto.
Setorial Estadual de Tecnologia e Antivigilantismo do PSOL.
— Links e referências —
[1] Artigo noticiando a decisão da justiça britânica pela extradição de Assange: https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2021/12/tribunal-de-londres-aprova-extradicao-de-julian-assange-para-os-eua/
[2] ASSANGE, Julian. Cypherpunks. Liberdade e o Futuro da Internet. Ed. Boitempo. 2013. pp. 9 a 23.
[3] Coletivo ‘Doctors for Assange’ lança apelo pela sua soltura no canal Consortium News. (em inglês). https://www.youtube.com/watch?v=1qWTDOQVJQQ
[4] Nexo: Site relata planos da CIA para sequestrar e matar Assange ( 27 / 09 / 21 ): https://www.nexojornal.com.br/extra/2021/09/27/Site-relata-planos-da-CIA-para-sequestrar-e-matar-Assange
[5] PSOL trabalha na câmara para que brasil manifeste apoio a Julian Assange Fundador da Wikileaks: https://bit.ly/3oTrOZu
— Links para acompanhar o caso —
Canal Consortium News que acompanha de perto o caso Assange (em inglês): https://www.youtube.com/channel/UCDZuNFwJ4BIRV_Z5IxFXVrA
Páginas do Wikileaks no instagram e twitter.
https://www.instagram.com/wikileaks/ e https://twitter.com/wikileaks/