A caravana tem o objetivo de conhecer a realidade do partido nas regiões do estado, ouvir as demandas dos diretórios e fortalecer a pré-campanha de Guilherme Boulos ao governo do estado. O coordenador do MTST, aliás, está desde o primeiro semestre rodando o interior paulista, reunindo a militância e lideranças políticas do estado. Pela primeira vez em mais de duas décadas, o domínio do PSDB em SP está comprometido e a esquerda desponta com chances reais de disputa. Boulos e o PSOL, depois de alcançarem o 2º turno na capital e maior cidade do país, são catalisadores desse processo e têm se dedicado a construir a unidade do campo da esquerda no estado.
O PSOL cresceu muito em São Paulo nas últimas eleições. Além de triplicar a bancada do partido na Câmara Municipal de São Paulo – passando de 2 para 6 mandatos –, dobrar em Campinas e preservar os mandatos em Sorocaba e Santo Anastácio, o partido elegeu vereadores pela primeira vez em Guarulhos, Rio Preto, Santos, Ribeirão Preto, São Carlos, Santo André, Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul, Osasco, Batatais, Itapira e Marabá Paulista – com destaque para militantes feministas, pessoas negras, LGBTs, jovens e mandatos coletivos. Em outras cidades, como Franca, São José dos Campos, Bragança Paulista e Barra Bonita, o partido não conseguiu superar o quociente eleitoral, mas esteve entre as candidaturas mais votadas.
A nova direção estadual, através do processo de escuta, pretende ajudar na estruturação do partido no interior do estado, fortalecendo polos organizativos. Uma das propostas, aprovada pelo congresso do partido, é a de constituir sedes-movimento abertas para a militância e os movimentos sociais em regiões estratégicas, com programações culturais e de formação política. Outra iniciativa é a dinamização da comunicação partidária, integrando os diretórios municipais, a direção estadual e os mandatos do partido para dar visibilidade e repercussão às lutas do PSOL em todo o estado.
A jornada de escuta começou por uma região onde o PSOL cresceu muito nos últimos anos. Em Franca, primeiro ponto de parada da direção estadual, o partido teve a candidatura mais votada da esquerda nos últimos 20 anos e a 4ª candidatura a vereador mais votada da cidade na eleição passada, com a campanha do ativista LGBT Guilherme Cortez, ficando de fora da Câmara por conta do quociente eleitoral. Em Batatais, na região metropolitana de Ribeirão Preto, o PSOL elegeu a assistente social Anabella Pavão, a primeira vereadora transexual da história da cidade. Em São Carlos, o partido elegeu o vereador mais votado da cidade, o permacultor e ativista ambiental Djalma Nery, depois de ficar a 44 votos de conquistar um mandato em 2016. Em Araraquara, um dos redutos petistas no interior do estado e onde o PSOL alcançou 5,5% dos votos para a Prefeitura em 2016, faltaram apenas 650 votos para eleger seu primeiro vereador. Já em Ribeirão, o partido também conquistou seu primeiro mandato, com a candidatura coletiva Todas as Vozes, encabeçada pelo professor e militante do movimento negro Ramon Faustino.
Ainda como parte desse processo, a direção estadual realizou uma plenária virtual na quarta-feira (3) com a presença de Boulos, lideranças do partido, dezenas de diretórios municipais e mais de 200 filiados e filiadas. Nesta quinta (4), a caravana segue para a região de São José do Rio Preto, onde o PSOL foi o partido de esquerda melhor colocado na eleição para a Prefeitura e Câmara no ano passado. A jornada de escutas com a militância vai até 11 de dezembro, passando por cidades como Santos, São José dos Campos, Bauru, Guarulhos, Santo André e Campinas.