Diálogos captados pela Polícia Federal na Operação Boi Barrica revelam que o empresário Fernando Sarney tentava interferir em indicações e negócios realizados pela Eletrobrás, empresa estatal do setor elétrico, área controlada por seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informa reportagem de Leonardo Souza e Hudson Corrêa, publicada nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo
da Folha Online
Fernando foi indiciado anteontem sob acusação de ter cometido quatro crimes: formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele é alvo de cinco inquéritos abertos pela PF -a principal linha de investigação apura a prática de tráfico de influência supostamente exercida por Fernando para beneficiar empresas privadas em contratos com o governo.
Segundo a reportagem, em uma das conversas gravadas pela PF com autorização judicial, Fernando trata da indicação de uma pessoa para um cargo na diretoria financeira da Eletrobrás. Seu interlocutor, identificado pela PF apenas como Jorge ou Vitinho, diz que precisa do aval de Fernando.
A Folha informa que Jorge cita ainda o nome do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, que também teria defendido o nome da mesma pessoa para a função na Eletrobrás. Procurado pela reportagem, o advogado disse que usaram seu nome indevidamente e que nunca pediu cargo para ninguém em nenhuma estatal ou órgão do governo.
O advogado Eduardo Ferrão, que defende Fernando Sarney, divulgou nota dizendo que as acusações contra os seus clientes “não procedem”. Ele afirmou que as investigações se deram de forma unilateral e que Fernando só teve acesso a elas após determinação judicial.
Orientado a não dar entrevistas, o empresário tem dito, em conversas restritas, que as acusações contra ele são “papel solto no vento”.
Arte/Folha