Por Laura Cymbalista e Maria Aparecida Freitas Sales, educadoras da rede municipal de São Paulo e diretoras do SINPEEM. Em greve desde 08 de março!
No último 08 de março ocupamos às ruas para combater o machismo, o racismo e a violência. Ocupamos para dizer que nossas vidas e nossos corpos não tem dono. Nem patrões, nem igrejas, câmaras e tribunais para controlar nosso tempo e nossa força. Nossa luta pulsa em cada dimensão da vida e a resistência é uma necessidade urgente.
Em tempos de golpe, ataques aos direitos e a frágil democracia brasileira, o 8 de março renova sua importância. Conseguimos tirar da pauta do Congresso Nacional a Reforma da Previdência, mas aqui em São Paulo, Dória pretende se projetar para representar os golpistas e mostrar que é capaz de implementar a agenda de cortes e retirada de direitos. Tramita na Câmara Municipal o Sampaprev que introduz um sistema privado de previdência e propõe o aumento da alíquota de contribuição para até 19%, colocando nas costas das educadoras e servidoras municipais um suposto rombo no IPREM (Instituto de Previdência Municipal).
A desqualificação dos serviços públicos e o desmonte das carreiras públicas compõem o projeto de ajuste, privatização e mercantilização de direitos implementado por Dória em consonância com Temer e a agenda do golpe. Além disso, beneficia bancos e empresas que devem milhões à previdência social. É um jogo de compadrio: o prefeito-empresário favorece os seus, deixando a nossa contribuição à mercê de especuladores para se aventurarem no mercado financeiro.
A aposentadoria digna é o reconhecimento dos anos dedicados à escola pública somados a duplas e tripla jornadas de trabalho das educadoras. O Sampaprev ataca diretamente esse direito, precarizando as condições de vida e trabalho do conjunto do funcionalismo e, em especial, das mulheres. As mulheres da cidade também sentem, com a diminuição do Estado e a piora dos serviços públicos. É o Estado mínimo para a população e o Estado máximo para os interesses de empresários e banqueiros.
Por isso, em conjunto com o movimento feminista, estivemos nas ruas no dia 08 e iniciamos nossa greve para barrar o Sampaprev. Te cuida, Doria, a mulherada tá sempre em movimento!
Crédito da foto:Nunah Alle / PSOL