Após a divulgação dos dados do Ministério da Saúde relativos à epidemia de dengue, conforme noticiado ontem, o governo do estado veio a público para dar explicações. David Uip, secretário de saúde de Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista à Rádio Jovem Pan que o aumento de casos da doença era previsto e que as mortes ocorridas são “constrangedoras”.
Na edição de hoje, 05/05/2015, a Folha de São Paulo fez um levantamento a partir dos dados relativos às mortes no estado de São Paulo e constatou que 90% dos casos de morte se deram entre pessoas com mais de 60 anos. Na reportagem, foi entrevistado o infectologista da Faculdade de Medicina da USP Esper Kallas, que declarou que “a chance de um adulto saudável, que recebeu os cuidados necessários prontamente, morrer de dengue é muito pequena.”
Parece evidente que, com uma saúde pior, as chances de uma pessoa contrair e dengue e morrer são maiores do que as de uma pessoa com boas condições de saúde. O problema é que, tendo em vista a qualidade dos hospitais e de outros equipamentos médicos públicos no estado de São Paulo, qual é a possibilidade da população mais debilitada se manter com a saúde em boas condições?
Por outro lado, o governador Geraldo Alckmin insiste na tese da liberação junto à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de uma vacina contra a dengue atualmente desenvolvida pelo Instituto Butantan. Prevista para estar disponível para uso a partir do início de 2018, a vacina precisa passar pela terceira etapa de testes antes de ser classificada como segura. A vacinação pode ser uma medida necessária frente à epidemia atual, mas está longe de atacar o problema na sua essência.
As mortes por dengue não são constrangedoras, como quer o secretário; as mortes são fruto de uma política de saúde que é privatista, de terceirizações e de descaso com a população mais necessitada, implementada nos últimos 20 anos pelo governo tucano. O enorme esforço da grande mídia para culpar a vítima serve apenas para escamotear a verdadeira raiz do problema.
Estivesse o serviço público de saúde em boas condições, seria muito mais possível tratar os doentes infectados por dengue e garantir a eles a cura para a doença.