Um grupo de funcionários e estudantes da USP foi à Favela de Paraisópolis, localizada na região do Morumbi, convidar os moradores para o ato contra a violência policial, organizado pelo Fórum das Seis (entidade que representa professores, funcionários e estudantes da USP, Unicamp e Unesp), que acontece nesta quinta-feira, 18. Manifestantes se concentram no Masp, a partir das 12h, e seguem em passeata até o Largo São Francisco.
Por Lúcia Rodrigues
Os manifestantes distribuíram panfletos para a população comparando o ataque da PM no campus universitário à violência policial praticada contra os moradores de Paraisópolis durante a Operação Saturação.
“A polícia que reprime trabalhadores e estudantes da USP é a mesma que reprime cotidianamente os trabalhadores e o povo pobre que vive nas favelas e que ousa se manifestar”, afirma o texto do panfleto distribuído.
Não à repressão
Para o presidente da União em Defesa da Moradia de Paraisópolis, José Maria Lacerda, a presença da comunidade universitária na favela é importante. “Vamos juntar as forças para defender nossos direitos”, frisa.
Lacerda foi alvejado por um tiro de borracha disparado pela polícia militar quando tentava socorrer uma moradora durante a invasão da PM à favela. “Eles (policiais) entraram fazendo guerra. Eu estava na porta da minha casa. Quando fui socorrer uma senhora que passou mal por causa do gás (lacrimogêneo), levei um tiro (de borracha) na perna”, relata.
O dirigente popular pretende comparecer à manifestação desta quinta-feira. “O pessoal (funcionários estudantes) estava lutando pelos seus direitos. Não estavam fazendo nada de mais”, ressalta.
Unidade na luta
O funcionário e membro do comando de greve Celso Oliveira Jr. conta que o grupo uspiano foi bem recebido pelos moradores de Paraisópolis. “Não distribuímos só os panfletos. Conversamos, explicamos que a repressão que sofremos na USP é a mesma que eles sofrem todos os dias.”
Bernardo Andrade, estudante da Física, também destacou a receptividade dos moradores de Paraisópolis. “Foram bastante receptivos conosco”, comemora. Para ele, o conhecimento produzido na universidade não está a serviço da população pobre. “Vindo até aqui nos deparamos com a realidade”, destaca.
Do site da Revista Caros Amigos