Cerca de 5 mil pessoas caminharam pela Esplanada dos Ministérios, durante ato convocado pela centrais sindicais. Mobilizações também ocorreram em outras cidades do país e apresentam pauta unificada da classe trabalhadora.
Do site do PSOL Nacional, Leonor Costa
A classe trabalhadora foi às ruas nesta quinta-feira (11), em todo o país, nos atos convocados por várias centrais sindicais. O Dia Nacional de Luta, que dá continuidade a uma série de manifestações promovidas no país nas últimas semanas, colocou para a população em geral as principais reivindicações dos trabalhadores do setor público e privado, da cidade e do campo. Redução do preço das passagens e melhoria na qualidade dos transportes públicos, mais investimentos na saúde e na educação, fim dos leilões das reservas de petróleo, contra o projeto que regulamenta a terceirização (PL 4330), reforma agrária e democratização dos meios de comunicação foram alguns dos eixos da pauta de reivindicações apresentadas hoje, nos vários atos realizados país afora. Pelo menos 156 cidades de todos os estados do Brasil e do Distrito Federal tiveram protestos nesta quinta-feira (11). Durante todo o dia, mais de 80 trechos de rodovias em 18 estados foram parcial ou totalmente bloqueadas por manifestantes. Estima-se que mais de 100 mil pessoas tenham participado dos protestos em nível nacional.
Em Brasília, a manifestação reuniu cerca de 5 mil pessoas e passou na porta de alguns ministérios que integram o núcleo duro das áreas econômica e social do governo Dilma. Saindo do Museu Nacional, onde a concentração foi por volta das 15h, os trabalhadores, estudantes e militantes sociais passaram pelo Bloco C do Ministério do Planejamento, onde fica a Secretaria de Relações de Trabalho que negocia a pauta dos servidores federais com as entidades sindicais, do Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pela pauta da Reforma Agrária, e do Ministério da Agricultura, que tem administrado os interesses do agronegócio no país, conforme avaliação de lideranças sociais. Por volta das 18h, a marcha chegou à frente do Congresso Nacional, onde foi realizado o ato de encerramento, com intervenções dos dirigentes sindicais e dos movimentos sociais, como MST, Via Campesina e FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação).
“Esse ministério não produz alimento. Mas esse ministério produz a soja, o latifúndio e o agronegócio”, disse uma militante da Via Campesina, no ato em frente ao Ministério da Agricultura.
Já em frente ao Congresso Nacional, a secretária executiva do FNDC, Maria Mello, apresentou a pauta do movimento que luta contra o monopólio dos meios de comunicação. A militante defendeu um novo marco regulatório das comunicações, previsto no Projeto de Iniciativa Popular encampado pelo movimento, a aprovação do projeto do Marco Civil da Internet, que estabelece direitos e deveres na internet brasileira, e fim da criminalização contra aqueles que fazem comunicação popular e comunitária no país. “Vamos levar as nossas propostas adiante e continuaremos nas ruas”, ressaltou, enquanto os manifestantes gritavam “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Nesse momento, em coro, também deram um salva de vaias ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Na avaliação do servidor público aposentado Edilson Muniz, o ato de hoje, embora não tenha sido numeroso se comparado aos outros que ocorreram em junho, atendeu as expectativas, já que contou com a participação dos vários setores da classe trabalhadora. “A marcha trouxe a pauta concreta dos trabalhadores e também unificou os vários movimentos sociais. Não foi uma manifestação massiva, mas bastante participativa e com as nossas reivindicações histórias”, afirmou.
Segundo Edilson, que também é militante do PSOL, para os servidores públicos federais a reivindicação central é a revogação da Reforma da Previdência, aprovada em 2003, no primeiro ano do governo Lula. “Essa reforma foi feita ilegalmente e isso já está comprovado, não somos nós que estamos falando. Então é uma reforma eivada de vícios e o ato de quem votou, muitos (deputados) comprovadamente envolvidos no esquema do mensalão, é nulo”, criticou