Lima, 7 jun. (PL) – O líder amazônico peruano Alberto Pizango, que o governo quer capturar, poderia ir para o cárcere por 35 anos, a ser condenado pelos delitos de que o acusa a administração do presidente Alan García.
Assim o indicou o conhecido advogado Luis Lamas, que disse que Pizango, processado pelo governo, poderia ser condenado como autor intelectual dos delitos de homicídio qualificado, sedição, ataque às forças armadas e outros.
O governo pressionou o poder judiciário para que emitisse uma ordem de captura contra Pizango, segundo denúncia oficial. A solicitação foi atendida ontem por uma juíza, que será investigada a fim de se determinar se ela tomou a decisão devido a pressões oficiais, segundo informou a Corte Suprema de Justiça (CSJ).
As pressões foram denunciadas pelo presidente da CSJ Javier Villa, que as condenou e disse que foram exercidas por uma ministra e um vice-ministro.
A titular da Justiça Rosario Fernández desestimou a denúncia ao acusar o poder judiciário de cair em esquisitices e demorar a ditar a ordem. Fernández coincidiu com sua colega do Interior Mercedes Cabanillas em exigir que Pizango se entregue.
O advogado do líder amazônico disse que este não se entregará porque carece de garantias, em vista da ingerência governamental nos tribunais contra seu cliente, que tampouco escapou para a Bolívia, como afirmou Cabanillas com base em informação da inteligência.
Dirigentes indígenas disseram que Pizango está no Peru e reuniu-se com líderes das etnias selváticas.
O cesse da perseguição a Pizango foi exigido pela Frente de Defesa da Vida e da Soberania Nacional, formada pelas centrais operárias e agrárias, entre outras organizações, ante os graves incidentes recentes.
O secretário geral da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGTP), integrante desse bloco, Mario Huamán, demandou a preservação da vida do líder selvático.
A frente convocou uma jornada nacional de luta solidária com os indígenas amazônicos a realizar-se na próxima quinta-feira.
Advertiu que organizará uma greve nacional se até esse dia o governo não parar de perseguir a Pizango e se até então não forem anulados os noive decretos contra os quais protestam desde 9 de abril os indígenas amazônicos.
Os decretos foram ditados em cumprimento a exigências do tratado de livre comércio com os Estados Unidos e abrem as portas para a entrega da Amazôonia às transnacionais, segundo os nativos.
Por outro lado, o porta-voz da bancada parlamentar do Partido Nacionalista (PNP) Fredy Otárola desmentiu que legisladores de seu partido tenham ajudado Pizango a sair do país, como afirmam versões próximas ao governo.
Essas versões sustentam que o dirigente indígena foi ajudado pelas parlamentares do PNP Juana Huancahuari e Janeth Cajahuanca, o que negou Otárola, a tempo de assinalar que sua bancada está disposta a que o caso seja investigado pelo Congresso.
Fonte: Prensa Latina
Governo peruano decreta toque de recolher na Amazônia
Lima, 07 Jun. ABN – O governo peruano através do exército impôs o toque de recolher nas províncias de Baguá e Utcubamba, no estado Amazonas, após a repressão da força pública contra os nativos locais.
Ao redor de 47 pessoas morreram e outras 93 ficaram feridas em função da ação policial na Amazônia peruana.
O conflito começou após os indígenas peruanos protestarem por mais de 45 dias de maneira pacifica contra uma série de decretos legislativos que têm como objetivo privatizar a água e a terra desses grupos ancestrais.
Enquanto isso, neste sábado o representante da Associação Inter-étnica de Desenvolvimento da Amazônia (Aidesep) Sapión Nonengo denunciou que o governo peruano “distorce a opinião pública nacional e internacional”, ante o que a organização que representa considera um genocídio dos povos originários.
A acusação indígena se faz após as asseverações do primeiro ministro peruano Yehude Simon, que responsabilizou os nativos pelos fatos violentos registrados na sexta-feira passada na Amazônia peruana, nos quais morreram, segundo dirigentes indígenas, 40 aborígenes, informação respaldada por fontes médicas que asseguram a morte de mais de 30, enquanto outros permanecem feridos.
“O governo preferiu a matança de indígenas antes que derrogar os decretos legislativos lesivos aos interesses da Amazônia” indicou o líder do Partido Nacionalista Ollanta Humala.
“O governo e sua bancada parlamentar impediram a todo custa debater os informes que recomendam derrogar os decretos questionados pelos indígenas amazônicos. E não é casual que ontem tenham boicotado o debate pela terceira vez e nesta madrugada se inicie a repressão” indicou Humala dias atrás.
Setores do Perú contrários às normas em questão, assinalaram que o governo não tem a intenção de dialogar e debatê-las.
Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias
Convocada jornada de luta contra a repressão no Peru
Lima, 6 jun. (PL) – Importantes organizações sociais peruanas convocaram hoje uma jornada nacional de luta em solidariedade com os indígenas amazônicos, após uma sangrenta jornada com controvertidas cifras de mortos.
A jornada se realizará na próxima quinta-feira e rechaçará também a repressão aos nativos, que protestam desde o passado 9 de abril contra nove decretos que consideram que privatiza a selva e que foram ditados como parte dos requisitos de um tratado de livre comércio com os Estados Unidos.
Entre os organizadores figuram a Associação Inter-étnica da Selva Peruana (Aidesep), a Confederação Geral (CGTP) e a Central Unitária dos Trabajadores (CUT), assim como as confederações Nacional Agrária e Camponesa do Peru.
O principal convocador, a CGTP, expressou sua mais enérgica condenação ao que chamou matança ordenada pelo governo e que, segundo Aidesep e fontes médicas, deixou um saldo de 25 indígenas mortos.
Entretanto, o Executivo somente reconhece oito civis sem vida e destaca os decessos de 11 policais no território norte-selvático de Baguá ao alegar que isto prova que os uniformizados foram vítimas e não dispararam.
O fiscal Oswaldo Bautista afirmou que é possível que haja mais perdas humanas e o coordenador do Movimento Estudantil Indígena Amazônico Shuar Velásquez disse ter informação de que seriam dezenas de indígenas mortos.
Denunciou que os militares e policiais que controlam a cidade norte-selvática de Baguá impedem o acesso à zona dos enfrentamentos para ocultar os cadáveres dos nativos e que estes teriam sido arrojados no río Marañón.
Os incidentes ocorreram depois que mais de 600 policiais iniciaram o despejo de um bloqueio de uma estrada de acesso a Baguá, cidade em que também houve civis mortos, segundo fontes locais.
“Responsabilizamos o governo por esses fatos que, longe de solucionar as demandas dos povos amazônicos, responde com violência contra a população indefesa”, agregou um documento da CGTP.
A central sindical exigiu ao mesmo tempo que o Congresso anule de imediato os decretos questionados e demandou o cesse da repressão e chamou ao diálogo para solucionar as demandas indígenas.
Ratificou igualmente sua solidariedade com a luta dos nativos amazônicos pela soberania nacional e pela anulação dos decretos que, segundo a central operária, pretendem alienar as riquezas nacionais.
Fonte: Prensa Latina
Humala denuncia operação política encoberta contra camponeses da Amazônia peruana
Lima, 6 jun. (ABI) – O ex-candidato à Presidência do Peru e líder do Partido Nacionalista Peruano, Ollanta Humala, denunciou no sábado o governo do presidente de seu país, Alan García, por promover uma operação política encoberta na Amazônia peruana com um saldo de 43 mortos, 34 deles camponeses que exigiam, através do bloqueio de estardas, a anulação de decretos contra a sua sobrevivência.
“Denunciamos este operativo político encoberto do Governo, pelo qual preferiram a matança de moradores à derrogatória dos decretos legislativos que, diga-se de passagem, foram declarados inconstitucionais por uma Comissão Extraordinária no Congresso da República – que se formou no ano passado à raíz da primeira greve em agosto de 2008 – e pela própria Comissão de Constituição, pronunciando-se ambas a favor da derrogatória”, afirmou em carta pública.
O “operativo político encoberto está utilizando o Congresso da República, através de sua maioria parlamentar, como instrumento para impedir legalmente a derrogatória desses decretos legislativos”, colocou em público.
Uma brutal repressão a um protesto camponês numa estrada intra-regional deixou na sexta-feira, por parte da Polícia do Peru, ademais dos 34 indígenas mortos à bala disparada de helicópteros, centenas de feridos na região amazônica de Baguá, na Amazônia do Peru.
Os fatos, que provocaram estupor e indignação em organismos internacionais, se desencadearam quando helicópteros da Polícia abriram fogo contra cerca de 5.000 indígenas que bloqueavam uma estrada do nordeste peruano em demanda da anulação de vários decretos que eram considerados lesivos a seus interesses.
Nos distúrbios perderam a vida, da mesmo forma, nove uniformizados.
Humala, líder da principal formação de oposição denunciou que “este operativo tem por objetivo facilitar a aplicação do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos na zona da Amazônia sem dialogar com as populações amazônicas, como o expressam claramente os acordos supranacionais como o da Organização Mundial do Trabalho e das próprias Nações Unidas, dos quais o Governo peruano é subscritor”.
Também “descabeçar as lideranças amazônicas, intentando deter a vários dos principais dirigentes amazônicos” e, por último, “acusar o Partido Nacionalista Peruano e acusar-me de ser os instigadores, de ser a mão que está movendo as mobilizações, as paralizações”.
“Creio que o Peru já sofreu demasiados derramamentos de sangue e creio que o Governo deveria afirmar-se no diálogo, afirmar-se no Estado de Direito, e não na violência, no autoritarismo e na matança”, convocou.
O ex-candidato presidencial denunciou, no mesmo marco, uma campanha mediática que procura enlodá-lo como responsável pela matança.
“Vimos agora como hoje o jornal El Comercio está mentindo grosseiramente para a opinião pública dizendo que o ‘Humalismo’ estaría atiçando a violência no país e eu desafio esta empresa de comunicação de massas a que prove essa afirmação. As comunidades nativas têm toda a capacidade para tomar suas próprias decisões e nós defenderemos seus reclamos sociais porque se colocam dentro da democracia, em defesa da propiedade, da água e dos demais recursos naturais”, afirmou.
Em sua carta pública pediu a convocação de um Pleno Extraordinário do Congresso peruano para derrogar os decretos legislativos rechaçados pelas organizações camponesas da Amazônia, como também “para que se assumam as responsabilidades, porque há responsabilidades que têm que ser assumidas por este Governo e pela maioria parlamentar que impediu a derrogatória dos mencionados decretos legislativos” oportunamente.
“Do mesmo modo, anunciamos que dispusemos que os congressistas nacionalistas representantes da Amazônia viajem no dia de hoje para as zonas de conflito como observadores, que cumpram suas funções parlamentares e também a função humanitária de impedir a violência, e evitar que hajam mais mortos, mais feridos, mais detidos”, confirmou.
Fonte: Agencia Boliviana de Informacion
Pelo menos 22 camponeses mortos à bala em repressão policial no Peru
Lima (Peru), 5 jun. (ABI) – Pelo menos 22 camponeses mortos deixou nesta sexta-feira uma brutal repressão da Polícia do Peru a indígenas e moradores que bloqueavam uma estrada no noroeste do país andino em demanda da anulação de vários decretos.
Os fatos aconteceram quando a Direção de Operações Especiais da Polícia desatou a repressão com rajadas de tiros desde helicópteros sobre a estrada Fernando Belaunde Terry, à altura da cidade de Baguá, na região do Amazonas, uns 900 km a noroeste de Lima, informou a estatal argentina de notícias Telam.
A ministra do Interior (Governo) Mercedes Cabanillas informou que 9 policiais morreram, 7 uniformizados e 30 civis ficaram feridos à bala e são 100 os feridos leves, em partes iguales entre efetivos e civis.
Todavia, o dirigente máximo da greve indígena Alberto Pizango assegurou que, segundo as informações chegados da zona, o número de nativos mortos é de pelo menos 22, e que extra-oficialmente se fala de três a mais, cifras que não foram mencionadas pelo governo.
Entre os falecidos figura o dirigente local Santiago Valera, em circunstâncias ainda desconhecidas, um professor e um estudante universitário mortos à bala, segundo informou Julio Linares, do escritório de Comunicações da Rede Comunitária de Saúde, enquanto alguns meios de imprensa indicavam que entre as vítimas fatais há dois jornalistas.
A confusão se transferiu do lugar dos fatos para os hospitais à medida que foram recebendo os feridos e, ante o colapso iminente, o Ministério da Saúde declarou o alerta vermelho em todos os centros de saúde da região do Amazonas, segundo informou num comunicado.
Enquanto isso, em Baguá há desordens de todo tipo, que incluem o incêndio de edifícios, entre eles o do governo e o da sede do governista Partido Aprista Peruano (PAP).
A ministra do Interior coordena o envio de pessoal militar à zona para restabelecer a ordem e se espera que uns 100 efetivos cheguem a Baguá.
Os manifestantes bloqueavam a estrada há 10 dias no marco do protesto iniciado há quase dois meses, através do qual as comunidades indígenas e os moradores locais exigem do Executivo derrogar decretos que consideram contrários aos direitos dos povos nativos sobre a terra e que permitiriam a exploração indiscriminada dos recursos naturais da Amazônia.
Os decretos permitem a venda e a comercialização de terras ricas em petróleo e gás. As leis foram aprovadas pelo Congresso como parte de uma adequação da legislação peruana ao Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, que entrou em vigor em fevereiro.
A greve está localizada nos departamentos de Amazonas, Cusco, Loreto, San Martín e Ucayali.
O governo responsabilizou Pizango e os demais dirigentes pelo ocorrido, aos quais o presidente Alan García acusou de assumir atitudes “delinquenciais” e de responder a interesses internacionais que pretendem afundar o país no caos.
“Estamos num processo de manipulação política. Os nativos não são santos; atiraram na polícia. É preciso ampliar o estado de emergência a outras zonas e as Forças Armadas devem participar”, clamou de sua parte a ministra do Interior, que também acusou Pizango de estar à frente de um plano contra o governo.
Pizango, a seu turno, atribuiu o “genocídio” a García, à ministra Cabanillas e ao presidente do Congresso Javier Velásquez Quesquén, este último por não permitir o debate no Legislativo dos decretos cuja derrogação os nativos exigem.
Segundo Pizango, os nativos teriam se retirado se o pleno do Congresso houvesse debatido na quinta-feira ditame da Comissão de Constituição que pediu a derrogação do mais repudiado dos decretos, a lei florestal, por inconstitucional.
O presidente da Associação Inter-étnica de Desenvolvimento da Selva Peruana negou também que os indígenas estivessem armados e disse que as mortes de policiais baleados poderia obedecer ao fogo cruzado desatado por eles mesmos.
O vice-ministro da Justiça Erasmo Reyna, que informou que se coordena com o Ministério Público, Procuradores e os Defensores Públicos de Chachapoyas o controle da zona, considerou que o acontecido hoje “não responde a atos de protesto, mas de destruição”.
Por sua parte, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru condenou a matança, pela qual responsabilizou o governo que “longe de solucionar as demandas dos povos amazônicos responde com violência contra a população indefesa”.
Por isso, exigiu do Congresso a imediata derrogação dos decretos e do governo o fim da repressão e o retorno ao diálogo.
A central operária, além disso, chamou todas as suas bases sindicais e as organizações políticas e sociais a condenar “esses fatos lutuosos e a mobilizar-se em respaldo e solidariedade com os povos amazônicos”.
Fonte: ABI – Agencia Boliviana de Informacion