De dez a vinte mortos. Urgente: plantões em frente às embaixadas peruanas em todos os países, em cumprimento ao acordo da IV Cúpula Continental dos povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala.
O governo aprista de Alan García Pérez desatou uma repressão sangrenta na Amazônia Peruana na madrugada de hoje. As informações são confusas, não há cifras oficiais; porém, variam entre dez a vinte mortos em Bagua, zona de Corral Quemado e Curva del Diablo. Novamente pretende-se impor a morte sobre a vida, o massacre sobre o diálogo. É a resposta ditatorial após 56 dias de luta indígena pacífica e de supostos diálogos e negociações que terminam em balas, as mesmas de mais de 500 anos de opressão.
Hoje, mais do que nunca é urgente cumprir o acordo da IV Cúpula Continental dos povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala (Puno, Peru, 27 a 31 de maio) e tornar efetiva nossa solidariedade com os povos amazônicos peruanos, realizando plantões diante das embaixadas do Peru em todos os países, todos os dias, até que se detenha o banho de sangue e sejam derrogados os decretos legislativos do TLC com Estados Unidos. E impulsionar o julgamento internacional a Alan García Pérez e a seu governo pelo entreguismo e pela repressão: têm uma dívida de pelo menos dez mortos.
Isso aconteceu horas depois de que o Congresso da República em um aberto ato de provocação, decidisse transferir novamente o debate da derrogatória dos decretos legislativos pró TLC que facilitam a invasão de territórios indígenas, enquanto o Poder Executivo enviava novos e inúmeros contingentes policiais à Amazônia.
Chamamos as organizações indígenas, movimentos sociais e organizações de direitos humanos de todo o mundo a realizar ações concretas: cartas ao governo peruano, ao relator Especial das Nações Unidas para povos Indígenas, A Anistia Internacional, Survival Internacional, aos Prêmios Nobel da Paz, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, organização Internacional do Trabalho (Convênio 169), para que enviem imediatamente missões ao Peru para deter a violência e para que sejam respeitados os direitos indígenas.
Os organismos da ONU devem pronunciar-se com firmeza, somando-se à demanda proposta pela presidenta do Fórum Permanente para Questões Indígenas, Victoria Tauli, de levantar o estado de emergência, não reprimir e cumprir com as normas internacionais que garantem o exercício dos direitos indígenas.
Hoje em Lima, todas as organizações do movimento social peruano, articuladas na Frente Comunitária pela Vida e pela Soberania, se mobilizarão às 5 da tarde, na Praça França, exigindo a suspensão da repressão e a derrogação dos decretos legislativos que atingem os direitos territoriais dos povos indígenas andinos e amazônicos e a soberania nacional.
Basta de repressão!
Derrogatória imediata dos decretos legislativos antiindígenas do TLC!
Lima, 05 de junho de 2009
Coordenação Geral CAOI (COORDINADORA ANDINA DE ORGANZIACIONES INDÍGENAS – Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Chile, Argentina)
Fonte: ADITAL