No domingo, dia 15 de janeiro, no programa Big Brother Brasil, foi exibido um caso de estupro, praticado por um dos integrantes do programa, Daniel, sobre outra participante – Monique. Após uma festa, depois de diversos foras das integrantes, incluindo de Monique, ele decidiu ignorar o estado inconsciente da moça, que estaria sob o efeito do álcool, violando o corpo da mulher.
Casos de estupro de vulnerável (que é crime, segundo o Código Penal) acontecem cotidianamente. Casos como esse, veiculado em rede nacional e ainda acobertados pela emissora reforçam que abusar do corpo de mulheres que não se encontram em estado de possível reação é uma atitude tolerável e que passa impune. A Rede Globo vem fugindo da responsabilidade, dizendo que nada aconteceu. O âncora do BBB, Pedro Bial, afirmou um dia depois que o caso era uma linda história de amor.
Lembrando que essa não é a primeira vez que a Rede Globo faz piada com casos de estupro. Desde 2011, o sindicato dos metroviários de São Paulo denuncia o quadro do programa Zorra Total que faz piada dos casos de abuso sexual no metrô, legitimando essa violência à mulher que não apenas já se tornou corriqueira como é minimizada através de frases como “aproveita, boba”, reafirmando que a mulher “feia” deve agradecer por ser abusada. O mesmo raciocínio que – através da omissão da Emissora – deixa prevalecer o senso comum de que “se a mulher ‘descuidou’, ‘bebeu demais’ não pode reclamar de ser abusada.
Após a repercussão, principalmente nas redes sociais, a Globo expulsou Daniel do programa. Reafirmando que o participante, após investigação interna, teria desrespeitado as regras do really show, ma sobre o seu silêncio, deixando a prática e o discurso machistas prevalecerem, nada foi feito. E desde então, não tocou mais no assunto. Para nós, a expulsão de Daniel não é suficiente, ele deve ser julgado pelos seus atos de acordo com as leis.
E a rede Globo além de ter cometido omissão de socorro também não fez nenhuma intervenção durante o ato em prol de Monique. Assim, podemos nos perguntar se isso não seria suficiente para uma suspensão da concessão pública a emissora. No momento, o Ministério da Comunicação está analisando as imagens tanto vinculadas na TV aberta quanto na TV paga, averiguando se houve “finalidades educativas e culturais da radiodifusão”. A punição poderia chegar até suspensão da transmissão da emissora.
O Setorial de Mulheres do PSOL-SP exige que os culpados sejam responsabilizados e que a reprodução de valores machistas não siga sendo encarada com naturalidade. Por isso, entendemos que o combate a toda reprodução da lógica machista, homofóbica ou racista também nos meios de comunicação deve ser firme e inflexível.