O último período foi marcado por inúmeras arbitrariedades por parte da Reitoria da USP: mais de 20 alunos processados administrativamente e a expulsão de 6 estudantes; a tentativa de fechamento de vagas em cursos da USP-Leste; a mudança do Inclusp, de forma a dificultar ainda mais a entrada de alunos de escola pública na Universidade; a tentativa de demolição do barracão-sede do Núcleo de Consciência Negra… e, possivelmente a mais polêmica, a assinatura de um convênio com a Polícia Militar.
Longe de se mostrar um projeto de segurança efetivo, o convênio tem se apresentado como linha auxiliar do reitor para reprimir o movimento social e consolidar um projeto cada vez mais elitista e menos público de Universidade. Em outubro passado, vinte viaturas foram chamas à Cidade Universitária para autuar três estudantes que fumavam maconha, situação que terminou em conflito e diversos estudantes feridos. A desocupação do prédio da Reitoria, que contou com mais de 400 policiais, entre Tropa de Choque, Gate, cavalaria, reforço de helicópteros e culminou na prisão de 73 estudantes, foi marcada por denúncias de abuso policial e desrespeito aos direitos humanos.
Mais recentemente, na segunda-feira passada (09/01), a PM foi chamada para desocupar a sede do DCE — espaço estudantil que, supostamente, deveria ser autônomo — dando mais uma mostra da falta de inclinação da Reitoria ao diálogo.
Durante a ação, registrada em vídeo (links: http://www.youtube.com/watch?v=iNAolrMSioU&feature=youtu.be e http://www.youtube.com/watch?v=oHthT-YtNSo&context=C37b1d79ADOEgsToPDskLsYXOl-ivta0iQHT35s4GZ), Nicolas Menezes Barreto, do curso de Licenciatura em Ciências Naturais (EACH), foi agredido pelo sargento André Luiz Ferreira, e teve uma arma apontada para sua cabeça, após recusar-se a apresentar sua carteirinha USP. Vale ressaltar que nenhum dos demais jovens foram intimados a comprovar seu vínculo estudantil. Nicolas, porém, foi abordado por ser negro e não corresponder ao “perfil” dos estudantes da USP.
Ainda que não fosse aluno da universidade, Nicolas teria o direito de frequentar o campus, posto que a Universidade de São Paulo é uma instituição pública, cujos espaços não podem ser exclusivos àqueles que passam no vestibular. Vale ressaltar que a Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma instituição profundamente elitista, racista, machista e homofóbica; que extermina a juventude pobre e negra, recusa-se a registrar ocorrências de homofobia e que culpabiliza mulheres em casos de estupro.
O PSOL vem por meio desta nota repudiar a ação policial e o racismo, dentro e fora dos muros da Universidade, bem como toda forma de criminalização das lutas sociais.
Ousar lutar, ousar vencer!