Diante da inação da Prefeitura de Campinas de construir espaços públicos para acolhimento e atendimento às mulheres vítimas de violência, um grupo de mulheres organizadas no coletivo Olga Benário ocupou, no dia 29 de abril, um imóvel abandonado localizado na rua Delfino Cintra, na área central da cidade. Desde então, elas vêm organizando o espaço “Maria Lúcia Petit Vive!”, tendo realizado a limpeza do lixo e a remoção de entulho acumulados e organizando atividades culturais e o atendimento de mulheres no local.
Somente no dia três de maio, quatro dias após a ocupação, uma pessoa, que se identificou como proprietário do imóvel, apareceu no local fazendo ameaças e proferindo ofensas às mulheres que lá estavam.
Diante das ameaças, o vereador Paulo Bufalo (PSOL), que se encontrava em seu gabinete, e outros parlamentares de esquerda, foram acionados pelas organizadoras para ir até o imóvel ocupado.
O vereador, no exercício de sua função parlamentar, dirigiu-se ao local, inclusive em viatura oficial Câmara Municipal de Campinas, para verificar a situação e garantir alguma segurança às ocupantes do imóvel. Lá chegando, o vereador foi informado pelas ocupantes que a pessoa que proferiu as ameaças já havia deixado o local.
Quando estava saindo para retornar à Câmara Municipal, acompanhado de algumas lideranças que iriam protocolar um documento de reivindicações ao presidente da Casa e onde participaria (e participou) de sessão legislativa, o vereador foi abordado por uma pessoa, que se dizia dona do imóvel ocupado, proferindo várias ofensas e palavras de baixo calão e filmando a ação.
De forma distorcida, essa pessoa publicou um vídeo que circula nas redes sociais e aplicativos de mensagens, incitando ódio contra o vereador Paulo Bufalo, dizendo que o veículo da Câmara Municipal foi utilizado na ocupação e que esta teria sido organizada pelo vereador, o que não é verdade.
Com a viralização deste vídeo nas redes, vários setores da extrema direita passaram a rondar o imóvel e ameaçar as mulheres que lá se encontram. Inclusive um vereador da extrema direita da cidade, Nelson Hosri, esteve no local com objetivo de intimidação das ocupantes e proferindo ameaças contra as mulheres.
Na sexta-feira, dia 5 de maio, o ex-deputado estadual cassado por incentivar o turismo sexual, Artur do Val, também esteve no local, ameaçando e estimulando violência contra as mulheres. Esta ação foi acompanhada pelo vereador Hosri, que filmava de outro lado da rua a ação do deputado cassado.
Este mesmo vereador apresentou ao corregedor da Câmara Municipal de Campinas um pedido de abertura de comissão processante contra o vereador Paulo Bufalo, alegando quebra de decoro parlamentar devido à utilização do veículo oficial da Câmara Municipal de Campinas.
A propriedade privada, segundo a Constituição Federal, deve cumprir um papel social, o que, evidentemente, não era o caso deste imóvel, que estava abandonado e oferecendo riscos ao território. A ocupação, batizada com o nome de “Maria Lucia Petit Vive!”, uma justa homenagem a uma jovem militante torturada e assassinada pela ditadura civil-miliar, colaborou para o aumento da segurança na vizinhança, que demonstra apoio à iniciativa.
O vereador Paulo Bufalo agiu de forma legítima em apoio ao movimento social, dentro de suas funções de parlamentar eleito pelo povo de Campinas. No cumprimento desta tarefa, utilizou da estrutura e prerrogativas garantidas na lei e no livre exercício de seu mandato parlamentar.
O pedido Comissão Processante visando a cassação do vereador é mais um episódio da perseguição a quem luta contra os interesses da especulação imobiliária e na defesa da construção de políticas públicas para atender a população em situação de vulnerabilidade.
Diante de tais fatos manifestamos nosso integral apoio e solidariedade ao vereador Paulo Bufalo (PSOL Campinas).
Executiva estadual PSOL São Paulo