A chamada terceira via para as eleições presidenciais de 2022 vai mal. Lula (PT) e Bolsonaro (PL) têm dominado as pesquisas e se preparam para o que está sendo considerada a maior batalha eleitoral e política desde a redemocratização do Brasil. Há um cenário polarizado em que o candidato do PT busca articular uma ampla frente para tentar derrotar Bolsonaro ainda no 1º turno, enquanto o atual presidente se apoia no aparato estatal, ameaças golpistas e diminuição da rejeição para se manter no poder. Do jeito que a coisa caminha, não há espaço para candidatos que correm por fora.
A primeira candidatura da terceira via a afundar foi a de Sérgio Moro (União Brasil), que até janeiro desse ano acumulava o melhor desempenho, pontuando perto dos 10% nas pesquisas. Entretanto, numa manobra desastrada de mudança de partido, o ex-juiz viu seu sonho naufragar e em entrevista à Veja em abril admitiu que pode não se candidatar a nada. Grande derrota.
Ciro Gomes (PDT) segue sua profissão de fé em se postular como alternativa a Lula e Bolsonaro, mas assim como em eleições anteriores, não consegue cativar um eleitorado mais amplo, não ultrapassando 10% das intenções de voto. Com o lançamento da pré-candidatura de Lula no último dia 7, Ciro já começou a sofrer pressão nas redes sociais, pois uma eventual retirada de seu nome do pleito poderia facilitar a vitória do petista no 1º turno.
João Doria (PSDB) esteve muito presente nos noticiários nesses últimos meses, mas não por causa do sucesso de sua pré-candidatura, e sim porque uma ala muito representativa de seu próprio partido não a deseja e trabalha conscientemente para sabotá-la. Com 2% nas pesquisas e correndo o risco de perder a cabeça da chapa para Eduardo Leite, mesmo tendo vencido as prévias do PSDB, Doria deu uma guinada em sua estratégia e busca se aproximar de Lula. Em entrevistas recentes, fez elogios ao ex-presidente e criticou Bolsonaro. Parece buscar algum tipo de acordo.
Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) nunca foram apostas da grande mídia e das elites, assim como o foram Moro, Doria e Leite. Tebet ganhou alguma visibilidade por suas falas na CPI da covid-19 no ano passado e Janones se tornou um fenômeno nas redes sociais após a greve dos caminhoneiros de 2018. Porém, ambos se mostram inviáveis eleitoralmente, pontuando ao redor de 2% entre o eleitorado.
Além desse quadro nacional desolador, os noticiários indicam a extrema dificuldade de todos esses candidatos de formarem palanques nos estados, inclusive em seus próprios redutos eleitorais. Com esse cenário, fica muito próximo de se confirmar que nunca houve uma terceira via para as eleições de 2022. Terceira via só existiu nas análises dos Youtubers e comentaristas políticos que a desejavam, e nos editoriais e noticiários da grande mídia como a Globo, a Folha e a Veja. Não passa de uma estratégia eleitoral fictícia das elites de criação de uma nova candidatura que atenda a seus interesses, mas que não deu frutos. Na boca do povo, nunca houve terceira via. As pesquisas e o destino dessas candidaturas demonstram essa verdade.