Levantamento da CNN Brasil divulgado no último dia 14 de maio revelou que os crimes que envolvem o meio de pagamento Pix cresceram 228,4% no Estado de São Paulo. No primeiro trimestre de 2022, foram registradas 1.271 ocorrências dessa natureza, frente a 387 registros no ano passado nesse mesmo período.
Outros golpes relacionados a aplicativos se proliferaram na capital. Neste artigo, listamos alguns deles e algumas propostas do PSOL para solucionar a crise de segurança pública em nosso Estado.
Golpe do Pix: há diversas modalidades de golpes do PIX. As três mais comuns são o “capturador de sessões”, o SMS fraudulento e o golpe combinado com clonagem de Whatsapp. Na primeira, o golpista envia um arquivo em PDF ou e-mail que contém um vírus que serve de porta de entrada para capturar os dados bancários da vítima. Na segunda, são efetuados disparos em massa de SMS solicitando transferências via Pix alegando pedidos de socorro financeiro. Na última, o golpista contata a vítima fingindo ser representante de alguma empresa e a orienta a criar um código de segurança do Whatsapp que, depois de informado, é utilizado para o sequestro do perfil.
Golpe do Tinder: apesar de se chamar Golpe do Tinder, essa modalidade é aplicada em todos os apps de relacionamento. As duas principais vertentes desse golpe são o estelionato amoroso e a que resulta em sequestro e/ou roubo. Na primeira, o golpista engana a vítima fingindo construir um relacionamento afetivo e pratica estelionato ou extorsão solicitando doações e empréstimos. Na segunda, a vítima é convencida a ir a um encontro presencial que resulta em sequestro e/ou roubo.
Golpe do Ifood: pode ser aplicado em qualquer aplicativo de entrega. Perfis falsos do iFood nas redes sociais pedem dados de clientes para acessar suas contas no app. A isca é o envio de uma mensagem privada por meio de redes sociais, anunciando uma promoção ou brinde “imperdível” — por exemplo, um cupom de R$ 100 para gastar no app— ou oferecendo suporte a quem reportou um problema no aplicativo.
Golpe do entregador do Ifood: não é diretamente um golpe virtual, mas envolve apps. Um assaltante se aproxima da vítima com uma mochila de entrega de comida. A vítima não desconfia da aproximação pensando ser apenas um entregador e fica vulnerável ao assalto.
Golpe do Uber: há diversos golpes relacionados a aplicativos de transporte. Num deles, um ladrão furta um celular e utiliza o app de transporte da vítima para chamar um Uber. Quando embarca, anuncia o assalto e passa a utilizar o carro e/ou o motorista para cometer outros crimes, como sequestros-relâmpago.
A explosão no número de golpes virtuais não está descolada da crise de segurança pública pela qual passa o nosso Estado e o país. Com um desemprego de 10,8% em São Paulo (PNAD Contínua) e milhões de pessoas vivendo à beira da miséria, é natural que haja aumento no número de crimes.
O PSOL compreende que a raiz dos problemas de segurança está na desigualdade social. Apesar de algumas medidas emergenciais poderem ser tomadas, especialmente em relação à própria tecnologia dos apps das empresas, o centro de uma política de segurança pública coerente começa por outra: a segurança alimentar. Está mais do que provado que miséria e criminalidade andam de mãos dadas.
É puro charlatanismo eleitoral dizer que o crescimento dos golpes virtuais será combatido com aumento da repressão policial, blitz nas ruas, tolerância zero ou qualquer proposta de incremento de violência sem levar em consideração a situação social do Estado e do país. O PSOL propõe outro caminho, que comece por geração de trabalho formal e renda, taxação e distribuição das riquezas.
Por outro lado, algumas medidas emergenciais podem ser tomadas, principalmente as que dizem respeito à responsabilização das empresas. Redes sociais, aplicativos bancários, de conversa e de entrega investem pouquíssimo em segurança digital em relação a seus lucros exorbitantes. As empresas e bancos precisam ser responsabilizados pela não identificação de golpes e perfis falsos, e pela morosidade na resolução dos casos de fraude para serem forçadas a atuar no sentido de investir mais em segurança digital.
Recentemente, os tribunais de São Paulo e Espírito Santo emitiram decisões que penalizaram redes sociais. Nesses casos, perfis falsos foram utilizados para prática de injúria, mas por que não estender a responsabilidade para o caso de golpes virtuais como o golpe do Pix?
Na semana passada, circulou nas redes sociais o relato de Bruno de Paula, que narrou como criminosos aplicaram golpes por meio de roubo de seu celular mesmo após Bruno ter comunicado o roubo às instituições financeiras e aos aplicativos. Foram mais 140 mil reais de prejuízo em empréstimos e compras.
Com a tecnologia e a massa de dados que os usuários fornecem gratuitamente a essas empresas não se conseguiria identificar um golpista do Tinder ou um link com vírus? As empresas não conseguem identificar empréstimos e compras anormais? É um debate a ser feito e que envolve grandes atores econômicos. O PSOL está na linha de frente do debate sobre segurança, com propostas concretas e sem populismo eleitoral. A segurança se resolve com igualdade social.
Fontes: CNN Brasil, Canaltech, IBGE e Folha de São Paulo