A Negritude e o PSOL
Em uma luta muito importante, a negritude do PSOL aprovou no Congresso Nacional do partido em 2015 cotas raciais para as instâncias partidárias estaduais e nacional e a reserva de parte do fundo partidário para a política antirracista no partido. A negritude do PSOL foi vitoriosa em fazer de nosso partido o único no país com destinação estatutária de verbas para candidaturas negras. Para fazer e organizar a luta dentro e fora e avançar no empoderamento coletivo da negritude partidária.
E fomos além, exigindo no Congresso de 2017 também a reserva de 5% do fundo eleitoral para candidaturas negras. Para além de entender que é essencial que se tenha oportunidades para que as lideranças negras possam se expressar também eleitoralmente, sabemos que esses avanços, ainda pequenos, são parte de um outro, mais geral: derrubar o edifício de poder racista que é um entulho da escravidão que permanece sustentando o capitalismo e as desigualdades no Brasil.
O PSOL nacionalmente é o partido que mais elegeu mulheres negras militantes antirracistas na última eleição, como as vereadoras Áurea Carolina, Talíria Petrone e Marielle Franco. Nesta eleição, serão dezenas mulheres negras que expressam a manutenção e defesa do legado de Marielle são candidatas pelo partido para disputar vagas nas assembleias legislativas, na Câmara Federal e no Senado. E há várias delas nas faixas prioritárias de campanha.
Teremos como candidato a vice governador em São Paulo um jovem que é fundador, além do PSOL, de uma das maiores redes de educação popular e trabalho de negritude do país, Maurício Costa. Essa indicação tem a ver com o engajamento do partido e seus militantes por uma política verdadeiramente emancipatória.
O PSOL apresentará mais de 60 candidaturas negras no Estado de SP, o que representa cerca de 37% das candidaturas, e o montante destinado à campanha destes camaradas representa 37% do investimento na chapa proporcional. Em SP, cerca de 35% da população se autodeclaram negros (pretos ou pardos segundo o Censo 2010/IBGE). Nas candidaturas a federal, que são a prioridade votada pelo Diretório Nacional do PSOL, as candidaturas negras são 32,5% do total e receberão 36,02% do fundo eleitoral.
Não superamos o racismo estrutural e institucional no Brasil, mas não aceitamos ser taxados como um projeto racista – tal qual os apresentados por partidos de candidatos que se referem ao nosso povo usando arrobas como unidade de medida para nos desumanizar, ou que promovem ataques a nossas manifestações, conquistas, preceitos e datas celebrativas. A luta da negritude do partido é árdua e diária, tanto dentro quanto fora, e é preciso que se respeite essa história e trajetória até aqui.
As negras e os negros que subscrevem essa nota representando a militância do PSOL e sua setorial antirracista têm orgulho de pedir votos ao partido nessas eleições porque estivemos em todas as lutas dos povos preto e indígena desde a fundação de nosso partido: cotas, territórios quilombolas e indígenas, contra a criminalização da juventude negra e o genocídio. A Marcha das Mulheres Negras de 2015, a luta pela extensão das cotas às universidades paulistas, a ADIN contra a criminalização das religiões de matrizes africanas no debate do abate religioso e para que o poder esteja em nossas mãos.
A política do PSOL precisa ser cada dia mais negra. Mais engajada nas periferias, nas mudanças que queremos para a sociedade. Para isso, convidamos todas e todos a construir conosco um novo futuro.
Não estamos propondo um caminho fácil ou individual, e quantos mais se somarem a nós, no PSOL, mais forças teremos. Somos cada dia mais e mais fortes. Nossa vitória não será por acidente. Como diziam nossos ancestrais do Partido dos Panteras Negras, quando um de nós sobe arrasta consigo outros.
Setorial da Negritude do PSOL SP