O deputado estadual Raul Marcelo (PSOL) apresentou requerimento, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar eventuais desvios de recursos públicos em contratos da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) com empreiteiras entre 2005 e 2012, nos governos tucanos de José Serra e Geraldo Alckmin. Neste momento, o mandato inicia a coleta de assinaturas para a criação da CPI.
Segundo a imprensa, o doleiro Adir Assad afirmou, em delação premiada à Lava Jato, ter repassado cerca de R$ 100 milhões para Paulo Vieira de Souza (conhecido como Paulo Preto), ex-diretor da Dersa, estatal responsável por investimentos rodoviários de São Paulo. Assad, inclusive, admitiu ter usado suas empresas de fachada para lavar recursos de empreiteiras em obras viárias na capital e região metropolitana de São Paulo, entre elas a Nova Marginal Tietê, o Rodoanel e o Complexo Jacu-Pêssego.
Ainda de acordo com os veículos de comunicação, Paulo Preto, que é citado por delatores da Odebrecht na Lava Jato, foi aconselhado a propor um acordo de colaboração ao Ministério Público Federal. Além de receber R$ 100 milhões do doleiro Assad, ele também é acusado de montar um esquema de desvio de recursos no programa de desapropriação para as obras do trecho sul do Rodoanel.
A operação Lava Jato revelou como a corrupção está impregnada no estado brasileiro e tem responsabilizado criminalmente pessoas que até então nunca se imaginaria. São grandes empresários e políticos de renome nacional estão sendo condenados e presos por crimes que lesam toda a sociedade, desviando recursos públicos e outras práticas reprováveis que impedem o desenvolvimento econômico e social do povo.
Segundo Raul Marcelo, nesse caso, há indícios suficientes para justificar a instalação de uma investigação para apurar eventuais desvios de recursos públicos em contratos da Dersa com empreiteiras no período de 2007 a 2012. “Os envolvidos devem ser responsabilizados na esfera criminal, administrativa e civil. Não basta condenar à prisão, é preciso também perseguir a devolução do dinheiro público, assim como a reparação do prejuízo provocado aos cofres públicos”, destaca o deputado do PSOL. “Além disso, um esquema dessa proporção se comprovado, certamente teve a participação de outras pessoas e agentes públicos que devem ser responsabilizados, serem demitidos e terem seus bens bloqueados com indisponibilidade”, conclui.