O PSDB indicou o deputado estadual Paulo Adriano Telhada, o Coronel Telhada, para ocupar uma das três cadeiras a que tem direito na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). A indicação causa estranhamento, tendo em vista o histórico profissional do deputado, ex-comandante geral das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a ROTA.
Com 36 mortes na carreira, Coronel Telhada declarou que “agora sim teremos na ALESP uma comissão de Direitos Humanos que realmente se preocupará com os direitos de todos os cidadãos.” Quando perguntado pelo Estadão sobre as mortes atribuídas a si, disse que não se arrepende do que fez: “estava dentro da lei, trabalhando. Fui julgado, não devo nada. E estou tranquilo para assumir essa função.” Para o deputado estadual, os “policiais militares são os verdadeiros defensores dos direitos humanos”.
Entre janeiro e novembro de 2014, no entanto, a Polícia Militar do Estado de São Paulo matou 816 pessoas, segundo dados apresentados pelo portal R7. Isso equivale a uma morte causada pela PM a cada 9,8 horas. No mesmo período, o índice de crimes cometidos no Estado permaneceu estável.
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Em 2013, Telhada assumiu uma cadeira na Câmara dos Vereadores de São Paulo, quando foi confrontado diversas vezes pelo vereador do PSOL, Toninho Vespoli. Em especial, quando o então vereador pelo PSDB propôs que fosse concedida a homenagem “Salva de Prata” à ROTA. Toninho se opôs à aprovação e pediu que a votação fosse nominal, o que provocou a ira de vereadores de diversos partidos.
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Em um cenário em que todos os grandes partidos se unificaram em torno de uma candidatura à presidência da ALESP, tendo sido o PSOL o único a se opor, não é de se estranhar que indicações absurdas como a de Telhada aconteçam. A força do PSDB e do conservadorismo é cada vez maior e somente uma ação incessante e obstinada contra esse tipo de ação pode reverter o quadro.