É com muito pesar que recebemos a triste notícia que a companheira Sandra e seu filhinho, Icauã, foram assassinados brutalmente por seu namorado Marcos Aurélio. O machismo matou mais duas pessoas. As versões do assassinato variam entre o que disse o assassino, os/as amigos/as das vítimas e os meios de comunicação. De tudo o que está circulando até agora, apenas duas certezas: uma mulher e uma criança, mortos pelo machismo.
Sandra Lúcia Fernandes, professora, feminista, companheira que militava ativamente no Sindicato dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere) e no PSTU, foi morta pelo que passou a vida lutando, contra o sistema opressor das relações de poder que estão arraigadas na nossa cultura. Sua morte não pode ser em vão. Perder uma companheira nestes termos desestabiliza, mas não enfraquece.
A situação causa indignação em todas as companheiras e companheiros de nossa organização e demais militantes contra violência doméstica. A prática da violência contra as mulheres, perpassa o cotidiano das mulheres e, portanto, é uma das expressões mais explícitas de opressão, do “mais forte” sobre o “mais fraco”. Englobando um conjunto de atos que implicam em sofrimentos físicos, sexuais e psicológicos, privando as mulheres da sua liberdade, da sua segurança, da sua autoconfiança, da possibilidade de construir novos relacionamentos, de viver.
Nós, mulheres do PSOL, não só nos solidarizamos com a dor da perda da companheira, como exigimos do poder público que tome providências mais efetivas no combate à violência doméstica! Neste momento o assassino está preso, mas também mãe e filho agora estão enterrados lado a lado. Eles não voltam mais. Precisamos de medidas que previnam a violência, estamos cansadas de perder companheiras! Quantas mais serão necessárias? Chega de violência contra mulher!
Enquanto existe uma lei que pune a violência doméstica, existe uma educação sexista; existem os programas de entretenimento que transformam a mulher em um objeto sexual; existem as propagandas de cerveja que tornam o corpo da mulher um desejo a ser consumido; existe a falta de preparo institucional para receber mulheres vítimas de violência; enfim, existe uma estrutura machista que sistematicamente mantém a concepção que a mulher é um sujeito inferior e que deve se submeter às vontades dos homens.
A morte de Sandra e de seu filho foi mais um alerta! Não podemos baixar a cabeça. A luta contra o machismo é árdua, mas o seu horizonte é libertador. Lutaremos incansavelmente para que sejamos respeitadas. Lutaremos por Sandra, por Izaelma, por Maria, por Fernanda, e por tantas outras que se foram. Lutaremos por nós que aqui estamos e ainda somos obrigadas a conviver com a dor da perda, a dor do tapa, a dor do ciúme obsessivo, a dor da submissão. Lutaremos porque sabemos que quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede! Lutaremos para que enfim sejamos livres.
Sandra Lúcia Fernandes: estarás sempre PRESENTE!