Estamos vivenciando hoje um dos momentos mais importantes do PSOL – a construção do 4º Congresso Nacional. Este Congresso será determinante para indicar os rumos do Partido, sobretudo nesta nova conjuntura, desencadeada a partir da jornada de lutas em Junho.
As plenárias municipais, iniciadas no mês de agosto, têm refletido o momento de intensa polarização e disputa política interna, o que, em geral, é salutar para a democracia partidária, pois possibilita a discussão em torno das diferenças. Entretanto, a situação se agrava quando, nestas plenárias, as divergências políticas extrapolam o limite do tolerável, levando a ações de violência física, verbal e a ausência do debate político, tornando-se terreno fértil para a propagação do machismo.
Nós, do Setorial Nacional de Mulheres do PSOL, nos posicionamos fortemente contrárias a qualquer tipo de violência, principalmente por entender que somos nós, as mulheres, o principal alvo de ações deste tipo.
Plenárias com a presença de seguranças e policiais (pessoas estranhas ao partido), onde gritarias, acusações e “empurra- empurra” viram regra, acabam por criar um ambiente de intimidação e constrangimento, onde os supostamente mais fortes, que falam mais alto, têm o poder, e conquistam no grito e na imposição da força a sua verdade. Em espaços onde predomina essa lógica, as mulheres costumam silenciar; e silenciar as mulheres não pode ser a prática de um partido que se propõe socialista.
Repudiamos este método que impede o debate político por entender que a ausência de uma discussão mais aprofundada contribui para a manutenção do senso comum, condição para a propagação do machismo no interior da nossa sociedade. É o debate político, democrático e fraterno que poderá possibilitar avanços na consciência e a superação de posições conservadoras e sexistas.
Por fim, nós, do Setorial Nacional de Mulheres, não admitiremos que as questões de gênero e a pauta de mulheres sejam utilizadas de modo oportunista, como elemento de disputa política entre as teses e possíveis chapas. Bem como, este setorial não se furtará, quando solicitado, a intervir, apurando e lutando, como historicamente o faz, para a repressão do machismo, que também se dá em nosso seio, posto que o processo de transformação social é lento e contraditório. A luta pela emancipação das mulheres não se apresenta de maneira apartada da luta pela sociedade socialista. Acusações levianas de violência sexista serão tratadas com o mesmo rigor que trataremos as posturas machistas no interior do PSOL. Questões caras para nós não podem ser utilizadas como forma de barganhar apoios e votos.
Neste sentido, fazemos um chamado, a todas as militantes e aos militantes, à construção de um processo congressual feminista, socialista e radicalmente democrático!