A Executiva Estadual do PSOL SP, reunida na última terça-feira, 26 de fevereiro, aprovou por consenso uma nota pública sobre as movimentações em torno de um novo partido liderado pela ex. senadora Marina Silva . Além de reafirmar o PSOL como alternativa de esquerda, socialista e democrática, a nota pede que a Direção Nacional do PSOL afaste dos cargos de direção filiados que estejam comprovadamente envolvidos na construção de outro projeto político-partidário. A nota também ressalta a importância de se abrir o debate programático para a definição da nossa estratégia e nomes para 2014, reafirmando a necessidade de termos candidatura própria. Segue abaixo a nota na íntegra.
PSOL: alternativa programática, de esquerda e socialista!
1. O PSOL tem se mostrado um acerto político e
histórico, se consolidando como alternativa de esquerda, socialista e democrática.
2. A criação de novas legendas é um direito e lutaremos sempre para que todos possam usufruí-lo, combatendo especialmente as manobras que buscam liquidar os partidos combativos, como a cláusula de barreira. Mas o lugar dos socialistas nesse momento da história brasileira é o PSOL. Nesses quase oito anos de existência, nosso partido tem se afirmado como referência de uma esquerda ética, combativa e programática. Estivemos presentes nas principais lutas contra a corrupção, as medidas anti-populares como o reforma do Código Florestal ou a construção da Usina de Belo Monte, e apoiando os trabalhadores e a juventude em suas lutas por salário digno e educação de qualidade. Apoiamos as experiências progressistas em nosso continente e denunciamos firmemente o imperialismo. Enfim, demos mostras suficientes de que o projeto do PSOL está comprometido com a luta popular e o socialismo. Por isso, é tarefa de todo militante de nosso partido fortalecê-lo ainda mais. Estamos unidos em torno desse objetivo. Nossas figuras públicas, dirigentes e militantes devem dedicar-se à tarefa de reafirmar que o PSOL é a melhor alternativa da esquerda socialista para apresentar uma saída ao falso consenso liberal.
3. Enquanto isso, a promessa de um partido liderado por Marina Silva tornou-se realidade no último dia 16 de fevereiro. A nova legenda unirá parlamentares de diferentes partidos (do PSDB ao PT), lideranças ambientais e populares, grandes empresários e caciques políticos de diferentes estados. Proponde-se um espaço amplo, capaz de unir posições tão conflitantes, o novo partido não terá um perfil de esquerda. Sofrerá as tensões de conviver com indivíduos progressistas e lideranças conservadoras e será incapaz de encarnar uma alternativa popular de enfrentamento os dez anos de lulo-petismo. Enfim, tende a amparar-se no discurso da ética, da sustentabilidade e da “nova política” sem, contudo, contrapor-se ao projeto do bloco dominante. Será um partido ideologicamente invertebrado, sem programa de mudanças estruturais, com uma posição ideológica indefinida. Mesmo sem apresentar qualquer disposição de enfrentar as injustiças sociais e o poder dos grandes monopólios, tentará aproveitar a fadiga causado com a polarização PT x PSDB para se fortalecer.
4. Porém, para se apresentar em oposição à hegemonia conservadora, um partido necessita de inserção social, firmeza de princípios, militância política engajada nas lutas do povo e horizonte socialista. O PSOL hoje reúne as condições para ocupar esse espaço à esquerda e construir uma alternativa real à polarização PT x PSDB. Para isso, caberá a ele apresentar candidatura própria às eleições de 2014. O acúmulo que o partido traz das lutas sociais e de uma atuação consequente no parlamento já foi recentemente demonstrado nas eleições municipais de 2012. O crescimento de 96% no número de vereadores e a eleição de nossos primeiros prefeitos (sendo um deles em uma capital, Macapá), além das vitoriosas campanhas no Rio de Janeiro, Belém, Florianópolis, Fortaleza, São Paulo (onde pela primeira vez elegemos um vereador) dentre outras, mostram que estamos preparados para ocupar um espaço de destaque na disputa presidencial com nome próprio do PSOL.
5. Demais, combateremos aqueles que quiserem transformar o PSOL numa correia de transmissão de projetos personalistas e oportunistas e não aceitaremos que lideranças falem em nome do PSOL para fortalecer outros projetos. Atuaremos de forma firme na proteção do patrimônio político construído coletivamente nos últimos oito anos, garantindo que as estruturas partidárias não sejam utilizadas para minar a sua própria existência. Reconhecemos o direito daqueles que queiram abandonar a construção do PSOL, mas tal comportamento deve ser explícito e construído fora dos espaços do partido.
6. Diante das investidas de dirigentes e parlamentares contra o PSOL, nossa Direção Nacional deve decidir pelo imediato afastamento das instâncias partidárias de todas e todos aqueles que estiverem comprovadamente envolvidos com a construção de outros instrumentos político-partidários. É incompatível com as instâncias de direção do PSOL, sejam elas quais forem, a presença de indivíduos que estejam publicamente minando a imagem de nosso partido.
7. O lançamento da candidatura Dilma , no ato do PT, o discurso de Aécio no Senado, as declarações de Eduardo Campos e a definição do projeto Marina precipitaram a corrida eleitoral de 2014. Diante disto, o PSOL reafirma que terá candidatura própria, defendendo um programa de norte socialista em defesa dos trabalhadores e do povo.