Nove meses depois, Secretaria de Segurança Pública responde questionamentos feitos pelo deputado federal Ivan Valente e afirma que não houve qualquer problema na atuação da PM na operação de desocupação do Pinheirinho, em São José dos CamposO mandato do deputado Ivan Valente recebeu, mais de nove meses depois, a resposta da Secretaria de Segurança Pública ao pedido de esclarecimento feito ao governo de São Paulo sobre a operação de reintegração de posse do Pinheirinho, no município de São José dos Campos. O pedido foi enviado no dia 1 de fevereiro de 2012, uma semana após a operação da Polícia Militar, e direcionado ao governador Geraldo Alckmin. O documento continha 12 denúncias de uso indevido da força e de violações de direitos humanos praticadas por agentes do Estado durante a reintegração de posse. Para cada uma delas, o deputado Ivan Valente questionou as providências tomadas pelo governador.
A despeito da solicitação do mandato ter sido enviada a Geraldo Alckmin, a resposta foi redigida pelo Comando da Polícia Militar de São Paulo, que afirma que a operação “foi devidamente planejada, destinando-se parcela considerável desse planejamento à incolumidade física das pessoas, sobretudo idosos, gestantes, crianças e portadores de necessidades especiais, e à proteção do patrimônio das pessoas”, e que bombas de efeito moral e balas de borracha foram usadas “apenas para inibir algumas tentativas de reação ou de formação de barricadas por parte de algumas pessoas.”
A despeito da solicitação do mandato ter sido enviada a Geraldo Alckmin, a resposta foi redigida pelo Comando da Polícia Militar de São Paulo, que afirma que a operação “foi devidamente planejada, destinando-se parcela considerável desse planejamento à incolumidade física das pessoas, sobretudo idosos, gestantes, crianças e portadores de necessidades especiais, e à proteção do patrimônio das pessoas”, e que bombas de efeito moral e balas de borracha foram usadas “apenas para inibir algumas tentativas de reação ou de formação de barricadas por parte de algumas pessoas.”
A PM também se exime de culpa sobre o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha em área de abrigo destinada ao cadastramento os moradores desalojados do Pinheirinho, e afirma que quem “normalmente” trabalhou na repressão no interior do abrigo foi a Guarda Municipal.
Dentre todas as denúncias, o comando da PM admite apenas que “realmente foi verificado e apontado” o caso de uma agressão por parte de um policial militar contra um morador dentro da área de abrigo destinada aos desalojados, e que a PM adotou as providências cabíveis, “apurando o caso e encaminhando ao Ministério Público para que analise sob a ótica da justiça comum”.
Anexo à resposta da PM, a Secretaria de Segurança Pública enviou uma cópia de um parecer elaborado pela seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil defendendo a operação e dizendo que a PM atuou com “brilhantismo”. Para a OAB, os principais responsáveis pelo conflito que ocorreu durante a operação foram as lideranças comunitárias, que teriam incentivado a resistência.
Na avaliação do deputado federal Ivan Valente, as respostas são absurdas. “Uma vez mais, o governador de São Paulo transfere para o comando da PM a responsabilidade de toda uma operação de reintegração de posse que teve, além do abuso e violência policial, conseqüências sociais gravíssimas, até hoje não resolvidas. O que vemos com essa resposta é que o Governo Alckmin continua tratando a questão do Pinheirinho como um caso de polícia. E que, de toda a barbaridade cometida naquele dia, tudo o que o governo se dignou a fazer foi encaminhar o caso de agressão de um morador por parte de um policial militar ao Ministério Público. Para quem esteve lá e viu com os próprios olhos o que ocorreu com aquela população, é revoltante”, criticou Ivan Valente.
Para o deputado do PSOL, são posturas como esta, de não reconhecimento dos erros da Polícia Militar, que geram crises como a que estamos vivenciando hoje em São Paulo. “Trata-se de uma postura que legitima a truculência e que silencia diante da violação de direitos fundamentais da população pobre e excluída de São Paulo”, afirmou.
Ivan Valente solicitará novas explicações ao governo estadual e entrará com uma representação contra a OAB de São José dos Campos junto à OAB nacional, em função da conduta da seccional em legitimar a violência desmesurada da PM e criminalizar as lideranças comunitárias, que até hoje lutam para garantir os direitos da população do Pinheirinho.





