Candidato a vice-prefeito de Carlos Giannazi (PSOL), Edmilson Costa (PCB), defendeu nesta quinta-feira a candidatura de sua chapa, a Frente de Esquerda, como um instrumento “pedagógico” para construir “uma nova forma de fazer política”. Como exemplos da política atual, que ele se opõe, citou a administração de Gilberto Kassab (PSD) por ter um “viés autoritário” e descreveu o atual líder nas intenções de votos, Celso Russomanno (PRB), como um “Collor do século 21″, em referência ao ex-presidente que sofreu impeachment em 1992, Fernando Collor de Mello.
“Ele (Russomanno) aparece do nada sustentado pelas organizações religiosas e busca fazer o discurso do bom moço, do diferente, quando, na verdade, tem uma trajetória de votar com os partidos da ordem no Congresso”, afirmou, referindo-se à época que Russomanno era deputado federal. As declarações foram dadas durante a série Entrevistas Estadão.
Como instrumentos de combate, Costa defendeu o financiamento público das campanhas eleitorais pois, para ele, impediria a influência de grupos empresariais na administração política. “O setor empresarial financia os políticos e depois eles cobram a conta através de licitações.” Além disso, o candidato pregou a ética na política e a maior participação popular.
Costa criticou a proposta de Bilhete Único Mensal, do petista Fernando Haddad, alegando que o projeto não vai ao fundo da questão, que é o preço e a capilaridade dos sistemas de transporte. “Nossa proposta é ir aos poucos reduzindo (o valor) das passagens até chegar na tarifa zero e construir corredores, veículos leves sobre trilhos e metrôs.”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT foram chamados de “camaleão” pelo vice de Giannazi. “Eles nasceram no bojo das lutas sociais e, na medida que foram ocupando os espaços de poder foram se transformando feito um camaleão. Nunca o capital ganhou tanto dinheiro no Brasil.”
Costa disse apoiar o estilo de governo do presidente venezuelano Hugo Chávez e não credita como censura o cerceamento à mídia que existe naquele país. “Na Venezuela há uma diversificação enorme. Há mais meios privados que estatais. Sindicatos e associações de moradores podem ter seus meios de comunicação”, defendeu. Para ele, os meios de comunicação deveriam sofrer intervenção estatal e serem geridos pelos próprios trabalhadores e disse que faria isso no Brasil, se tivesse a chance. “Aqui (Brasil) há uma liberdade formal e não do conteúdo, do que se é dito.”
Na saúde, Costa defendeu o modelo cubano. “Nos miramos muito nos médicos de família, eles estão no bairro e fazem a medicina preventiva, fundamental para evitar que a pessoa chegue no hospital, é público, gratuito e de qualidade”, descreveu.
Costa é também professor de economia, compositor e poeta. Ele reclamou da estrutura que a cultura é difundida no Brasil atualmente, alegando que privilegia apenas a classe média. “Se tiver oportunidade (de ter a cultura por perto) você vai ver a enormidade de talentos que vão aparecer. (Hoje) parece que só tem talento na classe média. Põe a cultura próxima do povo e você vai ver o tanto de talento das regiões populares”, afirmou.