A Gazeta SP e o Portal O Taboanense publicam segunda entrevista da Sabatina 2012 com a participação do candidato a prefeito de Embu das Artes, Professor Toninho (Psol). A Sabatina ouviu durante o mês de setembro os candidatos a prefeito pelas cidades de Embu das Artes e Taboão da Serra com o objetivo de levar ao eleitor, as principais propostas dos candidatos e como ele vê os problemas da cidade. Confira a seguir os principais assuntos da Sabatina com Professor Toninho e acesse o vídeo com a sabatina completa.
Por Nely Rossany, da Gazeta SP e Liah Marques, do Portal O Taboanense
Gazeta SP – Para começar, gostaríamos que o senhor se apresentasse
Professor Toninho: Sou o Professor Antônio de Jesus Rocha, mais conhecido como Professor Toninho devido a minha profissão de 25 anos de sala de aula. Sou migrante de Minas Gerais, cheguei aqui em 1978, e como estudante da década de 80, eu já comecei a organizar o primeiro grêmio livre do João Dias Paes, onde eu fui diretor cultural e fizemos o jornal do grêmio. Então meu interesse pela política foi por volta de 1985. Eu era Office Boy no centro de São Paulo, ali na Rua Conselheiro Crispiniano, e naquela efervescência política que vivia São Paulo eu passei a conviver com greves, piquetes, a polícia e a violência policial. É impossível ficar imune, isento diante aquela situação, greve dos bancários, depois campanha das Diretas [Já], então isso foi me contaminando, me despertando para as questões políticas. Na segunda metade da década de 80, em 82, eu já estava morando no Embu e em 87 eu já estava envolvido na comunidade, lutando por guia e sarjeta, por asfalto, por água, lá na região de Embu, próximo a me filiar ao Partido dos Trabalhadores. Por volta de 1986, 87, eu me filiei ao PT e em 1992 eu já fui candidato a vereador pela primeira vez e fui eleito, em função do trabalho que exercia na comunidade, em torno de reivindicações básicas, como transporte coletivo.
Portal O Taboanense – Embu das Artes cresceu muito nos últimos anos. Qual será o grande desafio para o próximo prefeito?
Toninho- Na verdade é difícil você enumerar, colocar em uma ordem, diante de tantos problemas que nós temos na cidade de Embu. De fato – como você disse – a cidade cresceu muito. Nós saímos da década de 70 com 25 mil habitantes e estamos com 244 mil habitantes, uma cidade que, até pouco tempo, não tinha um Plano Diretor, a cidade foi constituída a partir dos interesses imobiliários. Além disso, a cidade de São Paulo tem dificuldade de crescer para a Serra da Mantiqueira, Serra do Mar e o crescimento vem para essa região, é uma questão de ordem geográfica de São Paulo, e nós estamos ainda – com o Rodoanel, agora – um outro avanço, outro estímulo, uma outra especulação imobiliária na região – dessa vez dos galpões, logística e áreas industriais, e esse tema esteve muito presente no último debate do Plano Diretor. Primeiro devemos enfrentar esses interesses econômicos que estão avançando muito na destruição da cidade. Se você andar por Embu, ou se pegar uma foto de cinco, dez anos atrás e observar hoje, Embu está virando uma Serra Pelada. Um exemplo: ali no Jd. Tomé, no centrinho, o Movimento Sem Terra ocupou ali em 2008. A Prefeitura, Estado, Polícia, Justiça e proprietários fizeram de tudo para tirarem os Sem Teto, porque não podia etc. Os Sem Tetos foram tirados, só que despertou o interesse imobiliário lá. Hoje quando chove no Jd. Tomé alaga lá embaixo porque fizeram tanta terraplanagem, desmatou. Tem uma liderança dos Sem Teto que está respondendo na justiça por causa da retirada de uma árvore, que alguém do movimento – inadvertidamente – foi lá e cortou, e as empresas foram lá e cortaram todas as árvores, virou uma Serra Pelada, e ninguém paga multa nenhuma, só para você ter ideia do que está de um ponto de vista – do lado econômico – e da questão social, da moradia. O desafio nosso, principal, é o desafio político. O Prefeito é mais do que gerente, ele não é um administrador – somente – ele é uma liderança política, ele deve exercer o papel de articulador da sociedade para que possa trabalhar em um projeto político, e o projeto político de uma cidade sustentável, uma cidade onde o interesse econômico não esteja acima dos direitos fundamentais das pessoas. O crescimento não é só uma coisa de Embu, é uma coisa da Grande São Paulo. Aí é a importância da liderança política, mais do que um gerente, é ser um articulador com os outros municípios com os problemas metropolitanos. Não tem como você dar um grito, por exemplo, enquanto prefeito, com relação ao déficit de leito hospitalar da nossa região. O primeiro desafio político é o grande desafio de articulação dos setores que queiram esse projeto que a gente defende, para a gente se unir, porque não é só no gabinete do Prefeito que se tem poder, tem poder na sociedade, e do poder econômico, que tem muito poder, às vezes aquele alguém que está sentado na cadeira não passa de um fantoche dos interesses econômicos, principalmente aqueles que tem sua campanha eleitoral financiada por esse setor, que é o caso que está acontecendo em Embu das Artes hoje.
GSP- O senhor falou bastante sobre o Plano Diretor e uma das propostas é o corredor empresarial. Seria uma forma de incentivar a criação de empregos, mas ao mesmo tempo tem a polêmica do meio ambiente. O que o senhor pensa sobre isso?
Toninho- É um debate muito rico. De um lado triste, porque o governo manipulou as informações, trabalhou para manter os seus interesses, uma roupagem social. Quando fala de emprego você mexe com as pessoas, você é solidário, quer que todas as pessoas sejam empregadas, só que do outro lado, quais são os mecanismos que os investimentos ali garantem o emprego para a população de Embu? Primeiro que a gente está sujeito à lei do mercado, o empresário vai contratar quem ele acha que está mais preparado, não tem cota de emprego. Segundo: logística emprega muita gente mesmo? Estudos mostram que logística não emprega muita gente. O corredor empresarial para logística, para esse tipo de investimento na economia, ele poderá ser substituído por um projeto muito mais interessante, que a natureza seja valorizada como turismo ecológico, tem como explorar esse aspecto. Embu tem uma vocação – e diga-se de passagem – o que Embu é hoje é graças aos artistas. O poder público quase não teve papel importante nessa história. O turismo cultural é algo que devemos explorar e o Embu oferece pouca coisa. O que existe hoje no Embu, do ponto de vista de investimento público, para que o turista chegue lá, goste e volte? Tirando aqueles dois banheirinhos, o que é que tem de estrutura ? Nós temos como criar um calendário de eventos de grande execução. Embu tem o aspecto do turismo, da história, uma cidade colonial, uma aldeia. A nossa igreja é de 1954, mesma data de fundação de São Paulo, isso não é pouca coisa do ponto de vista histórico, de explorar isso e preservar essa memória. Cuidar da arquitetura para que tenha característica semelhante a essa tradição. Não é o que está acontecendo hoje. Ao invés da gente potencializar aquilo que já é vocação, está se aplicando a uma coisa que não é vocação nossa. A UNESCO declarou aquela região, o Cinturão Verde, como um patrimônio. Aquilo é muito importante, nós moramos no Embu em cima de uma caixa d’água. Nós abastecemos próximo de 4 milhões de cidadãos de São Paulo, da Grande São Paulo com água que sai do nosso solo. Temos um desafio também nesse aspecto, além de preservar a importância do verde. Então do ponto de vista do emprego, eu teria muito mais apelo você estimular o turismo, por exemplo, Espanha e Portugal que vivem muito bem do turismo e são ecologicamente corretas, e o interesse do capital é muito maior. Existem projetos para a Grande São Paulo, regiões como Sorocaba, que estão discutindo aeroporto para essa região. O prefeito está conectado com esse grande interesse do capital. A especulação imobiliária, o capital imobiliário é que investiu nesse tipo de projeto, investiu politicamente. Nessa mesma linha ele [prefeito] vendeu, leiloou uma área da Prefeitura, que ganhou numa espécie de dação, que é quando alguém deve o IPTU e você pega aquela área como parte da divida ativa. 127 mil m² lá no Itatuba, onde poderia fazer um projeto turístico, voltado para essa questão que estou colocando, ele investiu para uma empresa austríaca e arrecadou R$ 8 milhões nessa venda do terreno, então quer dizer, ele já está induzindo o desmatamento. O Plano Diretor – esse traçado que ele estará fazendo por Embu, passando por Itatuba e saindo em Santa Clara e BR 116, não é só a ação de 300 metros nas margens, não! Isso induz outros desmatamentos no entorno para o desenvolvimento. É impossível não cortar morro, porque lá é uma região que ao é plana. Vai ter que acabar com os morros para plainar, para fazer estradas. Se eu for eleito, eu quero reverter isso.
Pot- A gente vê que Embu cresceu muito, e uma das consequências é trânsito, com a chegada do Rodoanel as entradas do Embu – não são mais entradas, são ‘tampões’ porque ninguém consegue entrar –como o senhor pretende solucionar esse problema e quais suas propostas?
Toninho – O Rodoanel está fazendo algumas obras ali na região, que visa minimizar esse tipo de coisa. E por que está acontecendo esse problema de trânsito? Primeiro por causa do crescimento da região: os novos moradores do CDHU, o aumento no número de favelas, além disso, o modelo de transporte coletivo, do transporte, aliás, nós temos a cultura do transporte individual. Nós barramos no problema metropolitano, o problema do trânsito não é um problema só de Embu, e a solução é impossível de ter no Embu, e aí sim entra outro papel, que é o papel político. Nós temos que discutir e fazer a política do transporte coletivo de massa. E o interesse das empresas automotivas é o que impede isso. O que podemos fazer de concreto é o planejamento da cidade, vai ter que interferir em vias, então de cara eu não tenho uma proposta de cada problema, porque se eu for enumerar cada problema, vou encontrar soluções diferentes, porque são muitos casos. O problema é geral, vamos ter que rediscutir esse problema, tem que haver desapropriação. A região metropolitana não é um ente federativo, você não tem um órgão, você tem um monte de município e cada um com sua autonomia e o governo do Estado. Quando foi criada a Emplasa era para discutir a região metropolitana, e isso no governo da década de 80. É necessário que a gente abra esse debate de novo, o nosso problema de transporte é o de vocês, aqui também no Taboão. Essa solução não é só com Embu, é uma solução com a rede metropolitana. Embu pode minimizar, mas a solução está na macropolítica.
GSP – O senhor falou de discutir os problemas da cidade pensando numa macro região. Um dos problemas que atingem a região é a falta de leitos no Hospital Geral do Pirajuçara, que é o hospital que deveria atender a região. O que o senhor pretende fazer?
Toninho- Novamente nós entramos no aspecto do prefeito enquanto liderança política, pelo seguinte – e aí eu quero fazer uma homenagem – o hospital regional está construído por uma luta que a população fez, da região – não só de Embu das Artes – em defesa do Hospital Regional. Temos dois aspectos que devemos analisar. Primeiro: O serviço de saúde pública tem que colocar a população para participar. Na década de 80 tivemos algumas conquistas, hoje houve um esvaziamento dessas lutas. O Hospital Regional, por exemplo, não tem qualquer controle social, não existe conselho de saúde do hospital. Se a gente estiver organizando, discutir com a população, estimulando a participação, vamos buscar solução para os nossos problemas. E uma das coisas que eu gostaria de liderar é a luta para a construção de novos hospitais para a nossa região. Ao invés de ganhar, nós perdemos (na região), o hospital Odair Pedroso, em Cotia, era um dos hospitais que atendia a nossa região e que ajudava a desafogar os outros, foi fechado. Nós perdemos leitos hospitalares e a população tem crescido muito aqui na região, então o déficit aumenta cada vez mais.
GSP: Então o senhor quer outro hospital?
Toninho- Outro hospital – um ou mais – eu não tenho o número correto necessário, mas o Governo Federal e o Governo do Estado tem que colaborar, não dá para o município arcar sem a ajuda. Nós temos que colocar a sociedade civil no debate. Mesmo porque eu entendo, desde que eu passei a militar, que se eu for prefeito eu quero ser uma liderança política em comunhão com as demandas da sociedade, mas também estimulador da luta social, porque isso também ajuda na formação política das pessoas. Nesse sentido, qualquer mudança, com certeza é obra de milhões de pessoas e eu quero ao final de um governo meu, ter uma população com uma participação mais ativa, mais politizada mais imponderada da coisa pública.
Pot- Um dos principais problemas que a gente encontra hoje, não só no Embu, mas em toda São Paulo, é a alta de vagas nas creches. Quais suas propostas para essa área?
Toninho – Pretendo investir 30% do nosso orçamento na educação. Embora a lei exija 25%, tem municípios que investem 28%, 30%, então mostra que é possível investir 30%, que já é um grande passo para você estar priorizando a educação, esse é o meu foco. Tem projeto do governo federal para creche, tem o pró-infância, tem uma rubrica do governo federal que, eu como prefeito, vou ter que bater na porta do governo federal para usar, voltar para a construção de creches, além do investimento do próprio município. Tem que ser creche integral, não pode ser creche de meio período. Creche pública, não vamos acabar com as terceirizadas, mas priorizar a creche pública. A formação dos profissionais também é importante, nós temos que trabalhar a valorização desses profissionais. Nós temos uma LDB de 96, temos o Fundeb que é mais recente, no inicio do segundo governo Lula, e o Fundeb financia pelo valor per capita, que vai desde a creche até o ensino médio. Se tem o financiamento do Fundeb, por que não investir em educação? Basta você priorizar. Se eu quiser investir em ensino fundamental II, cada aluno terá um valor investido no Fundeb. Se eu investir numa creche, eu vou receber esse valor para o aluno da creche, então o nosso foco vai ser o aluno da creche. Não vamos disputar com o governo do Estado a vaga o aluno da 5ª,6ª série para deixar de atender aquilo que não é competência do Estado. Se o município tem que atender creche prioritariamente, tem que atender as creches, educação infantil, e não ficar disputando vagas de ensino fundamental. Fazendo uma ponte com isso, as ADIs não podem mais ser ADIs, vão ser PDIs. Primeiro que elas são educadoras e faz tudo que um professor faz. Vai ter o Fundeb que vai pagar. A LDB já colocou que isso é educação e não mais assistência social, não tem sentido ela ficar fora do plano de carreira sendo ela educadora.
Pot – Nos últimos anos, dados da Secretaria de Segurança Púbica revelaram que Embu teve uma crescente de homicídios fora do comum, chegando até 198 homicídios por ano. Deu uma caída nos últimos anos, mas ainda assim o número ainda é alto. Gostaria que o senhor falasse quais são suas propostas.
Toninho- Para qualquer candidato, um dos principais temas espinhosos, esse é um para o candidato a prefeito falar. Qual a competência do município com relação à segurança púbica? A competência da segurança pública, entendendo o papel de polícia é do governo do Estado. O que nós temos é a GCM, mas o papel dela é limitado com relação à segurança. Ela tem um papel específico para a preservação das praças públicas, prédios públicos e vias públicas e é auxiliar, uma guarda cidadã, e espero que seja desse jeito porque também tem suas falhas, seus problemas. Agora a questão da segurança eu acho que entra não diretamente pela segurança, mas pelo aspecto social, cultural e lazer. Tem que atuar não só na repressão, tem aumentado o número de jovens envolvidos com drogas, as biqueiras estão esparramadas pelas vielas, tudo quanto é lugar! Não tem um lugar que você vá que não tenha uma biqueira. Precisamos de políticas públicas para a juventude. Temos que trabalhar temas vinculados à profissionalização, escolas, leitura e bibliotecas, incentivar o esporte. Eu acho que fazer a disputa com esse jovem que está se envolvendo com as drogas e com a violência ou até como infrator, de outra forma, não só como repressão.
GSP- O senhor citou que Embu é uma área de manancial e que queria proteger isso. Dados da Sabesp mostram que só 52% do esgoto é coletado na cidade, e desse coletado só 55% é tratado. Como melhorar essa questão do saneamento básico?
Toninho: – Antes de falar sobre esse problema eu queria falar sobre a renovação com o contrato com a Sabesp. A Sabesp teve o contrato renovado por mais 30 anos em troca de R$20 milhões que a Sabesp deu para o caixa da prefeitura e, com isso, certa flexibilização das exigências com o governo do Estado.
GSP- Hoje os moradores de Embu pagam 100% na sua conta de esgoto ou eles pagam menos?
Toninho- O valor do consumo da água se repete no valor do esgoto. Então é cobrado 100% do esgoto. A verdade é um afastamento do esgoto da residência, não há um tratamento de esgoto. Os moradores da Rua Tapajós, no Novo Campo Limpo, eles se organizaram, compraram tubos com orientação técnica e fizeram o esgoto, e jogaram lá no rio. Depois de um tempo a Sabesp decidiu tratar esse esgoto, jogando em um cano da Sabesp, e passou a cobrar esgoto dos moradores, da rede que os moradores fizeram. Inclusive a própria prefeitura contribui jogando fossa na rua. O papel do prefeito é o seguinte: nós temo que cobrar da Sabesp.
Pot – O senhor disse que para combater a violência é preciso incentivar os jovens, estruturá-los e dar opções de lazer e cultura. Eu queria que o senhor falasse quais suas propostas para a área de cultura.
Toninho: Eu acho interessante discutir em cultura – primeiro – nos aproximarmos dos artistas, dos ativistas culturais para estimulá-los, para das condições. Tem várias áreas para a gente atuar. Agora tem uma coisa interessante que está relacionada com a violência, que é um protagonismo juvenil em Embu, como aqui em Taboão também, muito interessante, de jovens que escrevem poesias, que participam de saraus, se expressado através do grafite, do rap… Basta o poder público dar condições e estimular, que esse pessoal está preparado. É importante estimular o protagonismo, que é onde esbarra na violência. Eu acho que a gente tem que discutir cultura do ponto de vista do consumidor de cultura, do acesso dele à arte. Tem gente que mora ali na periferia de Embu que não sabe a história de Embu. A prefeitura tem que levar a essas pessoas toda a simbologia, nas escolas, e oficinas. Divulgar bastante a nossa história. O grande papel nosso não é dirigir a cultura, a cultura tem que ser livre, mas as condições materiais e incentivo financeiro e de projetos, para estimular o protagonismo, para que as pessoas divulguem e ao mesmo tempo garanta o acesso do cidadão à essas identidades culturais que nós temos.
GSP: Agora o espaço é para suas considerações finais
Toninho – Antes das considerações finais, vou falar sobre habitação. Esse tema é um tema interessante porque está vinculado ao interesse imobiliário. A gente fala do corredor empresarial, mas não falamos da outra parte, da periferia. Foi aprovado uma faixa, um corredor misto, e ao redor das rotas foi permitido fazer verticalização, de até oito andares, sem nenhuma limitação. Haverá com certeza uma expulsão, a exclusão de quem está lá hoje, o comércio que tem lá vai sofrer a pressão do comércio imobiliário e vão sair dali. Nas poucas áreas que temos o Plano Diretor não garantiu moradia popular, o que nós podemos ter – em pouco tempo – é uma forte pressão do capital imobiliário. Temos um déficit de 10 mil moradias no Embu, então a população vai ser expulsa para Itapecerica, São Lourenço e Embu Guaçu, e quem vai morar nesses lugares valorizados não vai ser a população que lá, hoje, mora. Meu papel é definir ZEIs para fins de moradia popular, mas na disputa com o capital imobiliário.
Eu queria agradecer vocês pelo convite e dizer para a população de Embu está querendo mudanças, a mudança é uma nova forma de governar, a democracia, de fato e não o programa de auditório que os prefeitos gostam, mas de democracia, de transparência com o dinheiro público.