O governo Dilma anunciou nesta semana o programa de concessões de rodovias e ferrovias, concessão é uma forma disfarçada e tucana de não dizer privatização, já que no fim das contas, será a iniciativa privada que obterá lucro de um serviço que deveria ser público e que se utiliza estruturalmente de recursos e espaços públicos, além do financiamento estatal. O programa prevê a duplicação de 7,5 mil quilômetros de rodovias e a construção de outros 10 mil de ferrovias, com previsão de investimento total de R$ 133 bilhões, sendo R$ 79,5 bilhões já nos primeiros cinco anos.
A postura da Dilma já no anuncio do plano foi ficar na defensiva e tentar se diferenciar dos tucanos, em suas palavras: “Nós, aqui, não estamos nos desfazendo de patrimônio público para acumular caixa e reduzir dívida. Nós estamos fazendo parcerias para ampliar a infraestrutura do país, para beneficiar sua população e seu setor privado, para saldar uma dívida de décadas de atraso em investimentos em logísticas e, sobretudo, para assegurar o menor custo logístico possível, sem monopólios”
O discurso é exatamente o mesmo dos tucanos quando fazem concessões de rodovias em SP e depois apresentam a fatura de pedágios abusivos, ou da concessão da linha 4 do metrô por mais de 30 anos.
Vale lembrar a grande polêmica do 2º turno das eleições presidenciais de 2010, quando o PT aproveitando-se da grande rejeição popular às privatizações pautou esse debate. Agora o PT faz o mesmo, já foi assim com os aeroportos, agora são as rodovias e ferrovias.
O discurso de que os preços dos pedágios serão mais baratos que a fúria tucana em São Paulo, não muda o conteúdo da questão, a lógica é a mesma e não há garantias de que no futuro não possa haver um descontrole de preços, com a população pagando tarifas abusivas.
No caso do modelo adotado há uma massiva transferência de recursos públicos para as mãos privadas, que ganham nas duas pontas, têm parceria estatal para o investimento em infra-estrutura, mas depois, podem explorar sozinhos os serviços. Além disso, terão taxas especiais de financiamento, com carência de cinco anos e podendo amortizar por décadas os empréstimos obtidos. Ou seja, não deixa nada a dever ao modelo de privataria adotado pelo tucanato e tanto criticado pelos petistas nos últimos anos.
O PSOL é contra este modelo, defende investimento público em serviços públicos e o controle público por parte da população destes recursos. Mais uma vez fica claro as escolhas do governo Dilma, opções mais conservadoras ainda do que no governo Lula, que mostram uma guinada sem volta do PT à direita.