Em assembleia com cerca de mil trabalhadores, na tarde da sexta-feira, os metalúrgicos de Niterói decidiram pela suspensão da greve. A decisão foi tomada diante da possibilidade de recesso e de greve na justiça, das ameaças de julgamento da ilegalidade da greve por conta das manobras da direção do sindicato e do discurso do Sinaval (sindicato patronal) de que negociará com a suspensão da paralisação levaram a assembleia tomar essa decisão. A greve durou por longos dezesseis dias, com piquetes que iniciavam antes das 05h da manhã e retonavam no turno da noite, até 22h.
A categoria aprovou, ainda, um documento que será entregue ao Sinaval informando aos patrões da decisão dos trabalhadores, dando prazo de 72 horas para reabertura das negociações. A suspensão não significa o fim do movimento. A categoria mantém o estado de greve e fará nova assembleia na quinta-feira, dia 21/06 para avaliar o movimento.
Para José Batista Junior, diretor de base do sindicato, membro da oposição e da Comissão de greve eleita pelos trabalhadores, a decisão foi necessária, pois estava em curso uma ação da patronal e da direção majoritária do sindicato para derrotar política e economicamente a greve legitima e necessária dos trabalhadores.
“Não aceitaremos punições. A greve é um direito do trabalhador e ninguém pode ser punido pelo exercício de um direito constitucional. A assembleia votou que caso algum companheiro sofra qualquer tipo de punição ou constrangimento, os trabalhadores retomam a paralisação. Outra questão fundamental é a garantia de que não haverá desconto dos dias parados”, afirma Júnior, funcionário do estaleiro STX e liderança da greve.
“Gigante adormecido” acordou!
A categoria realizou a mais forte greve da última década. Fez isso enfrentando a intransigência dos patrões e também a total deserção do sindicato. Após perder a votação na assembleia do dia 30/06, o presidente do sindicato decretou a greve, mas se recusou a ir para as portas dos estaleiros e sequer participou das assembleias massivas que aconteceram em frente ao sindicato, todos os dias. Diante dessa situação, a base da categoria, juntamente com os setores que se organizam na oposição metalúrgica, garantiram os piquetes em todos os estaleiros paralisando, praticamente, toda a produção ou reparos de navios, plataformas de produção de petróleo e embarcações de apoio ao pré-sal.
Com a greve, o trabalhador demonstrou que não vai mais aceitar negociações de fachada. A greve foi uma reação legitima dos trabalhadores, votada por quase 2 mil trabalhadores em assembleia no dia 30, contra o salário arrochado, a superexploração, o assédio moral, o desrespeito e a humilhação sobre os trabalhadores. As condições de trabalho e de segurança são péssimas, levando ao adoecimento de muitos trabalhadores. “As empresas estão lucrando muito, os estaleiros estão abarrotados de encomendas de embarcações, a pressão por produção é insuportável e a produtividade só cresce. O recado da assembleia é claro: os trabalhadores querem negociar”, conclui Júnior.
Por: Edson Carneiro Índio Intersindical
Veja as Fotos da greve dos Metalúrgicos que durou 17 dias sendo dirigida pelo comando de greve e a chapa 3 SOS Oposição Metalúrgica