Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo de ontem revela o descontamento da base do PT no Rio de Janeiro com a política de alianças daquele partido. Isto em menor ou maior proporção pode estar acontecendo em outras cidades. Veja abaixo a matéria:
O apoio de artistas que tradicionalmente votam no PT ao deputado estadual Marcelo Freixo, pré-candidato à Prefeitura do Rio pelo PSOL, é o lado mais visível de um movimento crescente também entre sindicalistas, intelectuais e militantes de direitos humanos. Nem todos embarcarão na campanha de Freixo, mas tais grupos têm em comum a insatisfação com a aliança do PT com o PMDB do prefeito Eduardo Paes já no primeiro turno.
Alguns deles se uniram no grupo intitulado Coragem para Mudar e iniciaram há duas semanas atividades para protestar contra a ‘falta de diálogo’ do comando do partido no Rio com as bases.
O deputado federal Alessandro Molon é o único petista com mandato a tornar público seu descontentamento. Impedido de contrariar a decisão partidária, Molon já decidiu, porém, que não pedirá votos para Paes. ‘Vou fazer campanha para os candidatos a prefeito do PT e para os aliados que se identificam com as ideias que defendo’, diz ele, que disputou a prefeitura em 2008.
A aliança com o PMDB foi aprovada pelo comando municipal do PT em 2011, em votação contestada pelos rebeldes, mas que será confirmada na convenção prevista para a última semana deste mês. Os petistas cariocas têm aval dos diretórios estadual e nacional do PT. Desde a redemocratização, é a primeira vez que o PT não disputa a prefeitura do Rio com candidato próprio. ‘Nossa luta está muito difícil. As direções parecem não ter se dado conta da perda que o PT vai ter com essa aliança’, diz Molon.
Enquanto os insatisfeitos se mobilizam, os dirigentes organizam cursos preparatórios para os candidatos da sigla e reiteram o discurso da sintonia, no Rio, entre os governos municipal, estadual e federal. ‘Seguimos a posição do diretório nacional e do companheiro Lula, de replicar a coligação de apoio à presidenta Dilma. Se Molon está insatisfeito, deve ir à cúpula. Ele está fazendo atos sem legitimidade partidária’, reage o presidente municipal do PT, Sebastião Alberes de Lima. ‘Tomamos uma decisão com legitimidade e vamos ratificar na convenção. Mas no PT tem sempre alguém para falar contra e querer aparecer.’
O presidente municipal e o vereador Adilson Pires, candidato a vice de Eduardo Paes, serão os representantes do PT no comando da campanha da reeleição.
Do site do Estadão