São Paulo– “Veta tudo Dilma” foi a palavra de ordem central da mobilização que reuniu cerca de 2 mil pessoas no Monumento às Bandeiras neste domingo (20) na cidade de São Paulo, já que a presidenta da República tem até o dia 25 para decidir sobre as alterações no projeto do novo Código Florestal brasileiro.
Carta Maior – Fábio Nassif
Enfeitada com muitas faixas e cartazes, os manifestante das mais variadas idades seguiram para o Parque do Ibirapuera onde havia um stand que abrigou uma série de atividades sobre o tema. O protesto foi articulado por entidades e ONGs como a Fundação SOS Mata Atlântica e os comitês em defesa das florestas.
Para o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), presente na atividade, o veto é fundamental para segurar um processo deletério para o interesse nacional. “Essa conduta do setor ruralista no Congresso de passar o Código Florestal que anistia os desmatadores, que não recupera as áreas degradadas, que invade as áreas de preservação permanente, que invade as reservas legais, faz parte do plano político do agronegócio de reprimarização da economia. Mais do que isso, eles viraram grandes chantagistas da política da governabilidade”, analisou Valente.
Na opinião do deputado, Dilma Roussef tende a se desmoralizar se não vetar o projeto “porque ela fez promessas de campanha contra o desmatamento e por outro lado ela está diante da Rio+20, e o Brasil se comprometeu, em Copenhagen, reduzir em 38% a emissão de gás efeito estufa até 2020. Valente acredita que o fato de 80% da sociedade se posicionar contra o novo projeto, e, quase 80% do congresso ser favorável, demonstra uma grande contradição.
Neste sentido, Ricardo Young (PPS), também presente no ato, concorda. “Nós estamos vivendo um paradoxo: a bancada ruralista é forte no congresso mas não é forte na sociedade”, disse o ex-candidato a senador pelo PV.
E depois Youg é da opinião que deve se reiniciar uma discussão amplíssima para encontrar novas alternativas ao Código. “Com um veto esperamos reiniciar um processo de diálogo. Chamar os setores mais avançados da agricultura – porque eles têm lideranças, ruralistas, que entendem a tese da sustentabilidade -, chamar as lideranças do movimento ambientalista e o campesinato para iniciar uma discussão de médio prazo de um outro projeto que haja consenso na sociedade”, disse, afirmando que a “aparente radicalização contra o novo Código Florestal foi causada pelos ruralistas que não sentaram para dialogar”.
O deputado do PSOL disse que, caso a presidenta não vete, seu partido irá entrar no Supremo Tribunal Federal para garantir a constitucionalidade do artigo 225 da Constituição Federal (Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações). Além de apontar para outros projetos de lei que possam compensar os eventuais danos do Código, Valente também sugere uma iniciativa em conjunto com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que tem uma proposta global sobre o assunto.