Pronunciamento do deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ)
“Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados e todo(a)s o(a)s que assistem a esta sessão ou nela trabalham:
O PSOL não foi consultado sobre o texto que propõe a propalada CPMI do Cachoeira. Ao contrário do publicamente anunciado, fomos ignorados, talvez para não trazer incômodos à cúpula partidária dominante. O PSOL defende uma CPMI do esquema “Cachoeira” para valer! Ela deve investigar relações ilícitas de AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS com a rede de negócios sujos do contraventor Carlos Augusto Ramos Cachoeira, reveladas pela “Operação Monte Carlo”, da Polícia Federal.
A CPMI deve ser composta por 17 senadores e 17 deputados, com independência crítica, para dar conta da impressionante ramificação das negociatas do Sr. Ramos, doa a quem doer. Restrita em seu foco e em seu tamanho, a CPMI corre o risco de ser uma farsa, com integrantes orientados para proteger seus correligionários acusados de vínculos com o esquema. Seria vergonhosa uma CPMI montada no Congresso Nacional para nada investigar, transformando-se em deprimente cenário de um “empate” entre “cachoeirentos” e “mensaleiros”.
São vários e poderosos os interessados em fazer da CPMI uma pantomima: da oposição conservadora ao governismo servil. É espantoso ver setores do PT verem nela oportunidade para “desmascarar a farsa do mensalão”! Trata-se de um delírio completamente artificial, uma tentativa infantil, precária, frágil. Desde que surgiram as primeiras evidências do mensalão, até setores honrados do PT ficaram indignados e nunca negaram sua existência. Uma “cachoeira” de evidências, ainda que em outra sede e ocasião, não iria encobri-lo, mas ressaltá-lo.
A CPMI do Cachoeira precisa desvendar a corrupção sistêmica que vai capturando o Estado brasileiro para o crime. Isso que não é de hoje e tem muitos e variados elos, inclusive o eleitoral, com comparsas em vários partidos e empresas.
Sala das Sessões, 12 de abril de 2012.
Chico Alencar
Deputado Federal, PSOL/RJ.