A Johnson & Johnson em São José dos Campos – SP, onde trabalham 4 mil pessoas, nos últimos cinco anos intensificou o desrespeito e a truculência no trato com a livre-organização dos trabalhadores, ao direito de greve e representação sindical. A multinacional americana, uma das 10 maiores empresas do mundo emprega 118 mil trabalhadores em 250 companhias em 57 países, passou a usar a tropa de choque do estado de SP na porta da empresa para impedir greves e manifestações, ao mesmo tempo que ataca a estabilidade trabalhista dos dirigentes sindicais, prevista na Constituição.
Em 2008 e 2011 a multinacional dispôs como quis de todo o aparato de repressão da Polícia Militar do estado de SP, para agredir trabalhadores, desmontar assembléias e atropelar os piquetes, direito também garantido na Constituição. Nesse conluio entre empresa e Estado, os trabalhadores foram agredidos com forte tecnologia de repressão.
Depois de anos de tentativas jurídicas, os empresários conseguiram uma juíza que deu ganho de causa à patronal em uma cláusula retrógrada da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que contraria a Constituição Federal e os estatutos sindicais, e prevê estabilidade apenas para 14 dirigentes sindicais. Vale salientar que a base química desta região conta com 150 empresas e 10 mil trabalhadores em mais de 8 cidades.
Em 2012, repetindo a mesma postura, no dia 27 de fevereiro a Johnson demitiu Cabral, Natalino, Silvio, Lídia e Paulo Lourenço, dirigentes do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e região/SP. Por sinal, Cabral tinha sido demitido na greve de 2008 junto com Eder e Sebastião, mas foi reintegrado pouco tempo depois.
Logo no dia 28, o Sindicato realizou um ato e, desde então, várias paralisações e protestos vêm sendo realizados com apoio de sindicatos de diversas categorias, movimentos populares e partidos organizados no Vale do Paraíba e em todo o estado de SP, onde as principais palavras de ordem são: Johnson: a China não é aqui! Patrão, tira a mão do nosso Sindicato! O Sindicato é do trabalhador!
A empresa disparou sua perseguição justamente no início da Campanha Salarial do setor farmacêutico da categoria, em nível estadual. Momento em que também começam as negociações de PLR nas multinacionais do setor. Na hora em que os trabalhadores reclamam direitos, os patrões partem para demissões. Este é um movimento articulado da Johnson e vários sindicatos patronais do setor químico da FIESP que pressionam outras empresas da região a adotarem a mesma atitude.
A ação da patronal é uma barbaridade contra a democracia, contra os direitos trabalhistas conquistados com muito suor e sangue pela classe trabalhadora ao longo dos anos. É inaceitável que queiram impor o modelo chinês de exploração, em que a legislação trabalhista não protege ninguém e a exploração rola solta.
Basta de perseguições aos que lutam! Este é mais um capítulo da criminalização dos movimentos populares e sindicais e daqueles que lutam por seus direitos. A patronal e o Estado brasileiro se unem nessas ações de repressão como vimos no caso do Pinheirinho também em São José dos Campos, da Universidade de São Paulo – USP e das greves dos policiais militares pelo país afora, sempre em nome dos interesses do capital e das classes abastadas.
O diretório do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL no estado de São Paulo, soma-se a sindicatos, movimentos estudantis, parlamentares de diversos estados do Brasil assim como entidades da Bolívia, Argentina, Venezuela, México e outros países para:
1. Exigir a imediata reintegração dos dirigentes sindicais demitidos por essa empresa.
2. Condenar o ataque aos direitos dos trabalhadores e o uso da violência com policiais e seguranças armados nas assembléias democráticas de trabalhadores.
3. Manifestar solidariedade ao Sindicato dos Químicos.
4. Repudiar a postura da Johnson e Johnson. e
5. Requerer a revisão de decisões judiciais que atentem contra direitos dos trabalhadores e a Constituição brasileira.
São Paulo, 07 de março de 2012
Diretório Estadual do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL – São Paulo