Os juros das dívidas de Espanha e Itália estão subindo há cinco sessões consecutivas e atingiram níveis críticos. Zapatero adia férias, autoridades italianas fazem reunião de emergência. Para “ajudar”, Comissão Europeia diz que não tem “sobre a mesa” nenhum plano de resgate para Espanha, Itália e Chipre. Menos de 15 dias depois da última reunião do Conselho Europeu, as medidas então tomadas estão revelando que não conseguem enfrentar a crise das dívidas soberanas na Europa e o efeito dominó está prosseguindo.
Esquerda.net
Os juros das dívidas soberanas de Espanha e Itália estão atingindo níveis críticos. Na terça-feira, o prêmio de risco da dívida espanhola chegou aos 400 pontos, entendendo por prêmio de risco a diferença de preço entre a taxa de juro dos títulos da dívida soberana a 10 anos de um país europeu e o da Alemanha, exigida no mercado secundário. O prêmio de risco da dívida de Itália chegou a 385 pontos e o da Bélgica ultrapassou os 200 pontos. Segundo o jornal espanhol “El Pais”, no caso português o limite crítico foram os 500 pontos. Para a subida do prêmio de risco para além da subida das taxas de juro das dívidas soberanas dos países periféricos contribuiu também a descida da taxa de juro dos títulos da dívida soberana alemã a 10 anos para 2,4%.
Os juros da dívida soberana espanhola a 10 anos chegaram a 6,4% e os da italiana chegaram a ultrapassar os 6,25%. Lembremo-nos que, há meses, quando Portugal ainda não tinha pedido o resgate e a intervenção do FMI e da UE, o antigo ministro Teixeira dos Santos afirmou publicamente que Portugal não aguentaria uma taxa de 7%.
Nesta situação, Chantal Hugues, porta-voz do comissário europeu dos mercados financeiros, Michel Barnier, declarou que “um plano de resgate não está seguramente sobre a mesa, não é questão, que está a ser discutida”. Entretanto, o economista alemão Lars Feld, conselheiro do governo da Alemanha, afirmou ao jornal ‘Suddetushe Zeitung’ que as medidas da Zona Euro para ajudar a Grécia são “insuficientes”, e que a crise das dívidas soberanas “tornou-se entretanto uma séria ameaça” ao sistema monetário europeu.
Como sempre a União Europeia dá livre curso à especulação nos mercados financeiros, as suas estruturas fazem declarações contraditórias e cada país é deixado sozinho perante a especulação financeira com os títulos das dívidas soberanas. O Banco Central Europeu continua sem intervir nos mercados financeiros, não comprando dívida desde Março passado.
Quanto aos bancos privados, o banco Merril Lynch anunciou que não comprará títulos das dívidas de Espanha, Itália, Portugal, Espanha e Irlanda, enquanto o Deutsche Bank anunciou que reduziu a sua exposição à dívida destes países em 70%.
Menos de 15 dias depois da última reunião do Conselho Europeu, as medidas então tomadas estão revelando que não conseguem enfrentar a crise das dívidas soberanas na Europa e o efeito dominó, para já, está prosseguindo.