O Ministério Público Federal (MPF) requisitou à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para apurar as declarações do vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo (PR) em carta enviada a um antigo aliado, na qual menciona cobrança de propina por colegas de partido. No requerimento enviado à PF, a Procuradoria indicou que o vereador seja ouvido “com urgência”.
A carta de Timóteo é a base de representação protocolada ontem no MPF pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Ele pede a investigação de supostas práticas de improbidade administrativa, cobrança de propina e enriquecimento ilícito por parte de políticos do PR e de grupos rivais de comerciantes da feira. Para o MPF, a carta de Timóteo “indica a prática, em tese, de crime contra a administração pública por membros do partido PR”.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira aponta que a carta, escrita em papel timbrado da Câmara Municipal de São Paulo, cita o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP). No texto, Timóteo se explica por ter demitido de seu gabinete a filha de Geraldo de Souza Amorim, a quem diz ter “levado” a reuniões com o prefeito Gilberto Kassab e o ex-ministro Alfredo Nascimento (Transportes), do PR.
“Você se lembra, Geraldo, que os oportunistas do meu partido te exigiram R$ 300 mil mensais? E eu pergunto: te pedi alguma coisa para levá-lo ao nosso ministro? Pedi alguma coisa para levá-lo à mesa do prefeito Kassab?”, diz a carta, que foi registrada e teve firma reconhecida pelo 3º Tabelião de Notas de São Paulo.
Amorim era sócio da GSA, empresa que em 2004 obteve da RFFSA (Rede Ferroviária Federal) autorização para instalar, em terreno da antiga estatal, a Feira da Madrugada, que reúne ambulantes no bairro do Pari (centro de SP).