FERNANDO DE BARROS E SILVA
Reproduzimos aqui artigo assinado pelo jornalista Fernando de Barros e Silva e publicado no jornal Folha de S. Paulo sobre as denúncias que atingem o deputado estadual Barros Munhoz, presidente e candidato à reeleição na Assembleia Legislativa.
Munhoz, pede para sair
SÃO PAULO – O mínimo -ou melhor, o mínimo do mínimo que se deve esperar da Assembleia Legislativa de São Paulo é que não reeleja amanhã o deputado Barros Munhoz para presidente da Casa.
Não se deve, no entanto, alimentar expectativas, mesmo as mais elementares, em relação ao Legislativo paulista. Até ontem, pelo menos, quase todos os colegas estavam dispostos a reconduzi-lo ao cargo. Até o PT anuncia que vai votar em bloco no tucano, em troca de favores. A política que vale é a do conchavo e do compadrio.
A Folha noticiou na sexta que Barros Munhoz é acusado de ter desviado R$ 3,1 milhões dos cofres de Itapira, de onde foi prefeito até 2004. O Ministério Público diz ter encontrado depósitos na conta do deputado totalizando R$ 933 mil.
Mais: o então prefeito realizou quatro licitações nas quais tanto a empresa que ganhou como a que perdeu eram de fachada e pertenciam a laranjas. A “empresária” é uma dona de casa muito pobre que mora na periferia de Campinas.
Para piorar: a investigação mostrou que auxiliares de Munhoz descontaram na boca do caixa cheques emitidos pela prefeitura para a tal empresa. Vários cheques foram endossados pelo próprio Munhoz.
Feitas as contas, o escândalo reúne praticamente todos os indícios que costumam aparecer neste tipo de roubança. O que mais é preciso acrescentar? Vamos chamar um cineasta para rodar esse roteiro padrão da política brasileira?
Agora, se o Ministério Público e a Polícia Civil estiverem totalmente equivocados e tudo não passar de um monumental mal-entendido, Munhoz, um homem probo, terá sido sacrificado injustamente, pelo bem da democracia. Poderá até se tornar um mártir da decência, um orgulho de Itapira.
Como ainda não sabemos e como as evidências contra o nobre deputado pulam das páginas da Justiça como pipoca na panela quente, só há uma coisa a dizer: Munhoz, pede já para sair!