Foi relançada, no início da tarde desta terça-feira 29, no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais. A Frente busca igualdade de direitos para todos os cidadãos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Após o lançamento, um grupo de deputados, entre eles a bancada do PSOL, apresentou um pedido para que a Corregedoria analise a conduta do parlamentar Jair Bolsanaro (PP-RJ), que, em entrevista para o programa CQC na noite de segunda-feira (28), fez declarações racistas, homofóbicas, machistas e favoráveis à ditadura e à tortura.
A frente parlamentar
O deputado Jean Wyllys, coordenador provisório da Frente na Câmara, agradeceu o apoio e presença dos movimentos sociais e aos votos dos eleitores que deram a ele e demais parlamentares o direito de representá-los. Jean disse também que não foi fácil reestruturar a Frente Parlamentar.
“Muitos já sofreram algum tipo de discriminação e, infelizmente a injúria é algo que não desapareceu. Mas é preciso erradicar a violação aos direitos humanos”, afirmou Jean.
A senadora Marinor Brito disse que a dignidade da pessoa humana é intrínseca e independente. “Que esta Frente possa minorar o preconceito e valorizar a luta pela cidadania LGBT”.
Ontem (28), o deputado Jean Wyllys se reuniu com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, a convidou para a cerimônia de lançamento da Frente Parlamentar e se colocou à disposição para defender os direitos humanos no Poder Legislativo. Participaram da audiência o assessor especial para assuntos LGBT da Espanha, Bruno Zerolo, e o jornalista da Federação Argentina LGBT, Bruno Bimbi.
Também na tarde de segunda-feira, Jean Wyllys participou do seminário de planejamento da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, em Brasília, onde falou sobre projetos de defesa dos cidadãos e cidadãs LGBT e da Proposta de Emenda à Constituição que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Contra o machismo, a homofobia e o racismo
Logo após o lançamento, três deputados atuantes na Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, Jean Wyllys (PSOL-RJ), Manuela d´Ávila (PCdoB-RS) e Brizola Neto (PDT-RJ) protocolaram ação conjunta contra Bolsonaro. Em poucas horas o pedido já contava com quase vinte assinaturas de partidos como PT, PSB, PCdoB, PDT, além da assinatura dos outros dois deputados federais do PSOL (Ivan Valente-SP e Chico Alencar-RJ). No mesmo documento, os deputados pedem que o PP destitua Jair Bolsonaro
Em participação no programa CQC da rede Bandeirantes de TV, o deputado do PP carioca, declarou, em resposta a uma pergunta da cantora e apresentadora Preta Gil sobre o que faria se seu filho casasse com uma negra, afirmou que não iria discutir “promiscuidade”. No mesmo programa, o deputado ainda afirmou que torturaria seu filho se o encontrasse fumando maconha e que não pensa que seu filho possa ser homossexual porque ele teve “boa educação”.
As próximas ações do grupo de deputados incluem um pedido para que Bolsonaro seja processado também no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e investigado pelo Ministério Público pelo crime de racismo.
Durante a tarde desta terça-feira, Bolsonaro tem declarado em entrevistas que é machista e homofóbico, mas não racista, em uma clara tentativa de escapar de um processo legal, já que somente o crime de racismo é tipificado na legislação brasileira.