Em janeiro de 2003, o cacique Marcos Veron, liderança do povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, morreu após ser espancado por capangas de um fazendeiro. Agora, oito anos depois, o julgamento dos três acusados pelo crime acontece em São Paulo.
Desde segunda-feira, o Fórum do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, localizado na Av. Paulista é palco desse raro processo contra genocídios indígenas. Representantes do povo Guarani Kaiowá, assim como seus parentes Guarani Mbyá e do povo Pankararé, estão acompanhando o julgamento.
Julgamento dos réus Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde foi transferido para São Paulo a pedido do Ministério Público Federal sob a justificativa de que não há em Mato Grosso do Sul condições de isenção por parte do tribunal. O estado do Mato Grosso do Sul faz parte da 3ª Região da Justiça Federal junto com o estado de São Paulo. Os três réus são acusados de homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e meio cruel), tortura, tentativa de homicídio, sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Ao todo, 28 pessoas foram acusadas pelos procuradores do MPF.
Marcos Veron foi agredido quando liderava a retomada do território indígena Taquara, em Juti (MS). Os capangas que agrediram Marcos Veron, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também acorrentaram e torturaram outros sete índios, entre eles uma mulher grávida.