Secretaria de Relações Internacionais do PSOL
O povo da Líbia está protagonizando heróicas jornadas. Seguindo o exemplo de seus irmãos tunisianos e egípcios, levantam-se agora, contra o regime de Kadaffi.
A diferença daqueles países para a Líbia é que neste pais a luta esta sendo mais difícil e heróica, pois o regime está enfrentando as manifestações com todo o aparato do Estado, massacrando manifestantes (desarmados!) com aviões e tanques das forças armadas nacionais. Ainda assim, os revolucionários têm triunfado e ocupam uma parte importante do território Líbio.
Ante a insurreição popular, Kadaffi inicia a difusão de calúnias, chamando os manifestantes de “ratos e mercenários” e afirmando possuem vínculos com a Al Qaeda, justificando dessa maneira, a brutal repressão.
O povo, no entanto, é destemido e segue enfrentando a repressão. Setores do exército também se rebelaram, passando para o lado revolucionário. As kalafnikof que estão nas mãos do povo são a mostra do heroísmo e do triunfo sobre o exército. As mortes hoje já atingiram o patamar de 640, entre os quais 130 são militares fuzilados pelo regime.
Essa revolução não apresenta diferenças com as recentemente ocorridas no Egito e na Tunísia. Pelo contrário, é parte do mesmo processo revolucionário que sacode o mundo árabe.
Kadaffi tomou o poder em 1969 e manteve uma política independente do imperialismo até os anos 90, quando, começou a pactuar, cada vez mais abertamente, com os governos ocidentais. Esse giro significou também a liquidação das liberdades democráticas e a instalação de um regime autoritário, com Kadaffi à frente do o poder por 42 anos e com seus filhos alocados em postos chave.
Não é casual que não tenha se pronunciado nesses anos em apoio à causa palestina e que se tenha convertido numa peça de apoio à política do imperialismo europeu na região. Berlusconi, por exemplo, deixa claro nesses últimos dias o apoio ao ditador.
Estão enganados aqueles que, como Kadaffi, afirmam que as massas líbias estão sendo orquestradas por vontades externas, imperialistas. A revolução em curso no mundo árabe não pode ser de interesse das potências mundiais. Pelo contrário, essa revolução é um golpe das massas sobre a política imperialista, capaz de desarticular seu poder na região e atingir seus interesses políticos e econômicos.
É uma grande intifada que recorre à região, como afirmou Hassan Nasrallah, secretário geral do heróico Hezbolah que, entre suas conquistas, está a derrota do exército israelita. São revoluções do povo, com as quais devemos solidarizar-nos! É o povo que está decidindo nas ruas e em suas ações a liquidação dos regimes títeres dos Estados Unidos e Europa, entre os quais se localiza Kadaffi.
Hassan Nasrallah afirmou com as seguintes palavras:
“É uma revolução daqueles que se recusam a ser humilhados e insultados porque este país tem estado sob a sujeição de ter entregue a sua vontade para os Estados Unidos e Israel. É uma revolução política, social e humana. É uma revolução contra tudo – a corrupção, a opressão, a fome, a delapidação dos recursos deste país, e a política do regime sobre o conflito árabe-israelense “.
E continuou dizendo:
“A esmagadora maioria dos povos árabes e islâmicos rejeitam as políticas dos EUA, por razões óbvias: o absoluto apoio americano a Israel e suas guerras desde a criação da entidade sionista na guerra de Gaza em 2008 (também vimos isso na guerra contra o Líbano em 2006); o apoio absoluto americano às ditaduras corruptas, suas aliadas na região; as próprias guerras americanas e os crimes no Iraque, Afeganistão, Paquistão e em outros lugares no mundo árabe e islâmico “
É verdade. O imperialismo tem estado contra a revolução árabe. Apoiou Ben Ali e Mubarak até o último minuto e não fez – e certamente não fará – nenhuma ação que possa enfraquecer Kadaffi. Derrotada sua política pelas massas, a tentativa imperialista é a de cavalgar nos processos, mas agindo na defensiva.
Quanto mais esta revolução que está em curso se aprofunde, chegue a mais países; quanto antes Kadaffi seja definitivamente derrotado, maior será o golpe contra a atual dominação mundial imperialista.
Fora Kadaffi!
Chega de massacres!
Solidariedade ao povo Líbio!