O lucro semestral dos seis maiores bancos somou R$ 21 bilhões. Em notas de R$ 10 e enfileiradas, este lucro seria suficiente para dar sete voltas e meia ao redor da terra.
Lembrando que esse é o lucro apenas do primeiro semestre de 2010 de Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Federal, Santander e HSBC.
Por Edson Carneiro Índio
Parcela deste lucro vem das operações de tesouraria dos bancos – compra de títulos da dívida pública – que paga as mais altas taxas de juros do mundo. Recentemente, uma CPI instalada no Congresso através de requerimento do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), relatou que 36% do orçamento federal são destinados a servir a dívida.
Outra parte destes lucros bilionários e ilegítimos vem da espoliação aos clientes e a população que usa serviços bancários. O preço altíssimo das tarifas e taxas bancárias que espolia a sociedade brasileira deveria ser objeto de regulação por parte do Banco Central.
Mas são as taxas de juros cobradas dos clientes – e também do tesouro nacional – o melhor exemplo da rapinagem do setor bancário. A diferença entre o que os bancos pagam para captar e o quanto cobram para emprestar, o chamado spread, é disparadamente a maior do mundo. Cerca de 43% no crédito direto no consumidor, 165% no cartão de crédito, 160% no cheque especial etc.
No entanto, a raposa do Henrique Meirelles que cuida do galinheiro do BC, jamais vai usar das atribuições do Banco Central para frear a sanha de lucro dos banqueiros.
Por fim, a exploração do trabalho de cerca de 450 mil bancárias e bancários, além de mais de 300 mil trabalhadores terceirizados, garantem tal lucratividade. Cabe lembrar que os bancos constrangem seus funcionários a convencer os clientes a adquirirem uma infinidade de produtos bancários de necessidades questionáveis. Em regra forçados pelo assédio moral e pela imposição de metas de vendas cada vez mais absurdas, os bancários – constrangidos – constrangem os clientes a comprar uma “cesta” de produtos. Para atingir as metas de vendas, alguns gestores chegam a sugerir às bancárias e bancários que usem até dos atributos do próprio corpo para convencer aqueles/as clientes mais refratários a cair na armadilha da propaganda bonitinha que os bancos fazem na TV.
Por isso que os bancos “contribuem” tanto com as campanhas eleitorais dos seus aliados políticos. Não podem permitir que se mude a atual política econômica nem tampouco que o Banco Central deixe de ser independente – e contrário – dos interesses da enorme maioria da população brasileira.
Diante de tantos lucros os banqueiros ainda dizem não às reivindicações dos bancários, que estão em campanha salarial. Diante da intransigência da banqueirada, os bancários vão à greve nos próximos dias e, além de lutar por suas reivindicações justas e necessárias, vão denunciar o que os bancos fazem com os clientes e a população, lembrando dos juros de agiotas, das tarifas e taxas bancárias e das filas.
Edson Carneiro Índio, bancário, diretor do sindicato e da Coordenação Nacional da Intersindical