Os candidatos do PSOL ao governo de São Paulo e à Presidência, Paulo Bufalo e Plínio de Arruda Sampaio, foram sabatinados na PUC-SP na manha desta sexta-feira. O auditório reservado para o evento ficou lotado de estudantes, funcionários e professores que queriam ouvir as idéias e opiniões dos candidatos do PSOL. Os candidatos falaram sobre diversos temas durante as mais de três horas da atividade, entre eles educação, dívida pública, reforma agrária, direitos humanos, aborto e socialismo.
Paulo Bufalo foi o primeiro a apresentar suas propostas para São Paulo. No evento destacou três eixos do Programa de governo: revisão das finanças públicas, direitos humanos e educação. O candidato ao governo de São Paulo novamente lembrou a sangria do orçamento estadual para pagar a dívida pública, que consome todo ano três vezes mais do que é investido no ensino médio.
“Não adianta falar que educação é prioridade se isso não se refletir no orçamento. O resultado dessa falta de investimento na educação é que a nossa juventude está sendo expulsa da escola. O exemplo disso é a redução do número de matriculas no ensino médio, na ordem de 16%, nos últimos 10 anos no nosso estado”, explicou.
“Vocês já tentaram dormir com seu companheiro ou companheira esticando o cobertor pequeno? Pois é, algum dos dois vai ficar descoberto. É isso que o governo faz com a educação e outras áreas sociais. Dá um cobertor pequeno, uma pequena parte no orçamento, para cobrir tudo”, exemplificou Paulo Bufalo e completou defendendo a ampliação dos investimentos públicos na área de educação para 10% do PIB do Estado.
O candidato do PSOL no estado de São Paulo afirmou que não combaterá violência com mais violência. “A origem dos problemas de segurança é a desigualdade social, para resolver realmente esse problema precisamos de mais serviços públicos e mais garantias de direito”. Paulo Bufalo completou defendendo a necessidade de se equipar as polícias e treiná-las para que façam um combate ao crime organizado com inteligência e não reprimindo a parcela mais pobre da população, como mostram os dados do próprio governo de que 95% dos presos são pobres.
Sobre segurança pública Plínio de Arruda atacou o sistema prisional e o Estado brasileiro que colocam um número cada vez maior de pessoas na prisão, em sua maioria negros, jovens e pobres “ que são condenados por uma justiça de classe”. Esse sistema de aumento do encarceramento potencializa o crime, pois aquele que entrar por um delito leve, como roubar um alimento para não passar fome convive com quem matou.
Além do aumento no número de presos, as condições das cadeias são cada vez piores com altos índices de superlotação, para Plínio a prisão no Brasil perdeu seu caráter, “a prisão tem dois aspectos, o primeiro é punitivo e o segundo é o de ressocialização do preso, esse segundo foi abandonado pelo Estado brasileiro”, afirmou o candidato do PSOL.
Defendeu também uma reforma política no Brasil com a instituição de um regime de financiamento público de campanha e tempo de televisão igual para todos os candidatos. Essas medidas garantem que todos saem do mesmo patamar nas eleições e impende que empresas que financiam campanhas sejam privilegiadas em um futuro governo. “Se eu tivesse o mesmo tempo de televisão e o mesmo dinheiro de Dilma e Serra, certamente minha campanha estaria em outro patamar”, afirmou.
Ainda durante o debate o candidato do PSOL ao governo de São Paulo, Paulo Bufalo, defendeu a reestatização da empresa Vale do Rio Doce que foi privatizada em 1997. “A privatização da Vale foi um crime contra o povo brasilero, como pode uma empresa que tinha um valor de mercado de R$1 trilhão, ser vendida por R$3 bilhões?”, questionou Bufalo.
Alem do problema do preço da venda Paulo apontou que a Vale controla diversos setores estratégicos para o Brasil, como a produção de quartzo e outros tipos de minérios que ficaram, a partir da privatização, nas mãos da iniciativa privada que age de acordo com seu próprio interesse de lucro e não para o benefício do Brasil e dos trabalhadores.