Pronunciamento do deputado Ivan Valente:
“Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
O que também me traz à tribuna, como Líder do PSOL e Deputado da Esquerda, é a minha solidariedade, meu abraço solidário ao companheiro Domingos Dutra, Deputado Federal do Maranhão, lutador social. Sempre esteve à frente nas lutas em defesa da reforma agrária naquele Estado e em defesa da construção de um partido transformador.
Quero, particularmente, declarar o meu apoio ao companheiro Manoel da Conceição, que conheço da fundação do Partido dos Trabalhadores. Foi um dos 15 primeiros dirigentes da primeira direção do PT. Companheiro testado na luta, torturado pela ditadura, como vários aqui — inclusive este que vos fala. Perdeu, na tortura, um dos membros do seu corpo, e teve um comportamento extremamente coerente e sério em resposta aos títeres da ditadura militar.
Esse companheiro, líder camponês do Vale do Pindaré, está aqui neste plenário, agora, fazendo greve de fome, pedindo ao Partido dos Trabalhadores coerência política. É disto que se trata: coerência política com um projeto, com um programa e com uma história.
Não se vendem companheiros como Domingos Dutra, Manoel da Conceição e Terezinha para fazer alianças com a oligarquia do Maranhão, que controla todos os meios de comunicação e o poder econômico naquele Estado em nome da governabilidade.
Eu não estou aqui para ensinar nenhum partido. Eu saído Partido dos Trabalhadores para ir para o Partido Socialismo e Liberdade também em nome da coerência, devido ao desvio programático daquele partido e também aos desvios éticos daquele partido. Mas o que está em jogo aqui é um debate que precisa sensibilizar a todos.
Os companheiros Domingos Dutra e Manoel da Conceição entraram em greve de fome, e isso é um recurso absolutamente legítimo. O PT sempre o observou, e vários militantes desse partido sabem que esse foi um recurso muito usado contra o regime militar, na cadeia, contra a tortura, contra a violência, contra a falta de liberdade. Nós mesmos o utilizamos duas vezes na nossa vida militante. Esse é um recurso justo, para chamar a atenção daqueles que dirigem hoje o Partido dos Trabalhadores.
Eu não posso conceber que, havendo um diretório e a vontade manifesta democrática da maioria dos militantes do PT do Maranhão, tenham decidido por um caminho em que a Direção Nacional, em nome de conveniências perversas, faz uma intervenção desse porte.
Digo que o que está em jogo aqui é a coerência partidária, as alianças que se fazem, a governabilidade em nome da qual se fazem alianças. E digo que o PSOL tem moral para solicitar isso, porque não tem essa incoerência no currículo — e este militante também pode fazê-lo. Atender às reivindicações que estão sendo feitas por esses militantes e defender a justeza e a solidariedade da sua luta é uma obrigação de todos os democratas brasileiros.
Quero ligar-me pessoalmente a essa luta. Entendo que é um momento de sensibilização de corações e mentes, não só da sociedade no Maranhão, mas internamente, dentro de um partido político que ainda se diz democrático.
Que atendam, sim! Não neguem essa forma de luta; não neguem o direito dos companheiros de reivindicarem; não neguem os direitos deles de exporem, sim, sua divergência, porque quem está com razão, quem está com a verdade, quem está com a maioria do partido lá, quem está com os interesses mais legítimos do povo certamente são esses companheiros que têm uma história, têm uma trajetória de luta admirável.
Por isso, a nossa solidariedade a Domingos Dutra, Manoel da Conceição e Terezinha Fernandes.
Muito obrigado.”
Ivan Valente
Deputado Federal