Nesta madrugada, oito viaturas invadiram o acampamento de moradores atingidos pelas enchentes na Zona Leste de São Paulo e agiram de forma truculenta com as famílias. O deputado federal Ivan Valente cobrou explicações e providências do secretário de Segurança Pública, que declarou que não sabia do ocorrido.
Por volta de 1h30 desta terça-feira (04/05), oito viaturas da Polícia Militar de São Paulo invadiram, sem amparo em decisão judicial, o acampamento Alagados do Pantanal, localizado na altura do número 900 da Rua Ozório Franco Vilhena, na Vila Curuçá, Zona Leste. A ocupação foi construída por famílias que sofreram diretamente as conseqüências do fechamento da barragem da Penha e da abertura da barragem do Alto Tietê, que, com o aumento das chuvas, inundaram a região do Pantanal e deixaram milhares de pessoas por 70 dias dentro d’água.
Oito policiais não identificados entraram no local e lá permaneceram por uma hora, ameaçando os moradores e chegando a cortar a energia elétrica do acampamento – o que não é papel da PM. Questionados sobre a legalidade de suas ações, disseram que podiam “fazer o que bem entendiam e que não precisavam de ordem judicial para nada”.
Agora pela manhã, as ameaças continuaram, com lideranças do movimento sendo impedidas de sair do local por policiais que permaneceram de plantão na entrada do acampamento, fazendo inclusive o uso de armas para bloquear o fluxo dos moradores.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) entrou em contato com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, que não sabia do ocorrido. A partir do relato feito pelo deputado, o secretário concordou que a ação da PM tinha sido ilegal e ficou de tomar providências.
“Os policiais atuaram de forma absolutamente ilegal, inconstitucional e truculenta. As famílias que estão acampadas já perderam tudo com as enchentes no início do ano e sofrem com o descaso da Prefeitura de São Paulo e a ausência de uma política habitacional para a população de baixa renda. Por isso, uma ação desta ordem da PM é inadmissível”, afirmou Ivan Valente, que seguirá em contato com a Secretaria de Segurança Pública até obter os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido.