O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL e diretor do jornal Correio da Cidadania, Plínio Arruda Sampaio, participou na manhã deste sábado (17) de um debate no campus Itatiba (interior de São Paulo) da Universidade São Francisco. Plínio foi um dos convidados ao primeiro encontro que a Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora) pretende realizar ao longo deste semestre com os pré-candidatos e debateu o papel da juventude e dos estudantes na transformação social do Brasil. Também esteve presente o deputado estadual Raul Marcelo, integrante da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo. A Uneafro é uma rede de cursinhos pré-vestibulares populares que se organiza há um ano.
Raul Marcelo, que foi militante do movimento estudantil e atuou em cursinhos populares e também é autor da lei do feriado do dia 20 de novembro na cidade de Sorocaba, dedicou sua fala às contradições socioeconômicas do país, destacando o aspecto racial. “Se não tivermos igualdade racial no Brasil não tem país. Essa é a luta e o compromisso nosso”, disse.
O deputado lembrou ainda que o país tem hoje cerca 50 milhões de jovens e que os índices de violência contra os jovens, especialmente os negros, vitimados pelo tráfico ou pela violência estatal, são piores do que os de países em guerra. No entanto, o país caminha para chegar à Copa do Mundo de 2014 como a quinta economia do mundo. “Ao longo da formação da sociedade brasileira, tivemos um primeiro problema até hoje não resolvido que é a questão racial. Quando a extrema violência do processo de escravidão cessa, não há nenhuma política de inclusão social”, ressaltou.
Raul Marcelo reivindicou a organização dos estudantes em iniciativas como a Uneafro como fundamentais para garantir “políticas de governo no sentido de ampliação das vagas na universidade”, a fim de reverter a histórica segregação social que é marca da sociedade brasileira.
“E não sobra dinheiro para a educação hoje porque, todo ano, pelo menos 30% do orçamento vai para o pagamento dos juros da dívida pública. Nós pagamos essa enorme carga de impostos, que vai em grande parte para o governo federal, que o coloca para remunerar os credores da dívida. Por isso, a luta pelo acesso ao conhecimento hoje é uma luta política para quebrar esse círculo de ferro”, concluiu.
Sampaio criticou a deterioração do modelo de educação universitário no país. “Hoje no Brasil a universidade é um lugar onde se passa cinco anos para aprender um ofício e encontrar um emprego melhor lá na frente. Isso não é universidade”, disse. “O Brasil está melhor por causa dos brasileiros, que fazem o país melhor. Mas, quantos estão na universidade? Quantos têm uma perspectiva de futuro?”, questionou Plínio ao falar sobre a importância da participação da juventude no processo de transformação social.
Questionado por uma jovem que disse ter “votado errado na eleição passada” sobre como fazer a escolha de um candidato no processo eleitoral, Plínio destacou que “a primeira forma de fazer a escolha certa é não fazer sozinho. É importante juntar gente e debater. Juntem quatro, cinco, debatam, discutam, é divertidíssimo”. Encerrou.