Na tarde desta quarta-feira (21 de abril) Plínio Arruda Sampaio participou da ‘Tribuna da Terra’, na praça da Sé, em São Paulo. A iniciativa – promovida pelo Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus, pela Uneafro e dezenas de entidades dos movimentos sociais – era um ato em solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que realizou nesta semana uma jornada de ocupações em 19 estados em defesa da reforma agrária. Plínio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), falou sobre a importância da distribuição de terras com políticas governamentais para o desenvolvimento do campo com justiça social para garantir a democracia e o combate à desigualdade social no país. Ele criticou também a recusa da pré-candidata do PT, Dilma Roussef, em usar o boné dob movimento, manifesta em entrevista de rádio nesta terça-feira. “Esse é o boné da libertação do Brasil”, disse.
“A reforma agrária é um ponto fundamental contra o sistema de dominação que acaba com o nosso baís , gera pobreza e impede a democracia, a igualdade”, afirmou o pré-candidato do PSOL à Presidência da República. Plínio, que foi relator do projeto de reforma agrária do governo João Goulart, em 1963/64, e coordenou a elaboração do segundo Plano Nacional de Reforma Agrária, no início do governo Lula, lembrou ainda que dados de órgãos oficiais dão conta de que existem cerca de 300 milhões de hectares de terra no país que são ocupados ilegalmente por grileiros. Os dois projetos de reforma agrária coordenados por Plínio não foram implementados porque “os governos não enfrentam o latifúndio”, lembrou.
O promotor público aposentado criticou ainda os pré-candidatos que hoje são apresentados na corrida presidencial como os principais nomes. “O seu Serra, a dona Dilma e a dona Marina tinham que estar aqui”, afirmou, para completar logo em seguida que “se queremos ter uma sociedade justa, meninos na escola, um sistema de saúde decente, é preciso que o campo produza. É preciso que se faça a reforma agrária”.
Sampaio reivindicou ainda a proposta do MST e da CNBB para que seja estabelecido um limite de mil alqueires como tamanho máximo para as propriedades rurais no país.
Antes da fala de Plínio, o dirigente nacional do MST Gilmar Mauro lembrou que a jornada de lutas de abril cobra também a punição dos mandantes e executores da chacina de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996 – quando 19 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados pela PM do governador Almir Gabriel (PSDB).
Estiveram presentes ao ato dezenas de entidades, o deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP) e cerca de 500 trabalhadores rurais organizados pelo MST que desocuparam na manhã de hoje a sede do Incra em São Paulo.