Por João Batista Araújo – Babá
O companheiro Kenzo utilizando-se se sua capacidade como escritor, parte da polêmica criada por Caetano Veloso, ao comparar o rebolado de Beyoncé ao sucesso do momento do momento no carnaval baiano, que é o rebolation criado pelo grupo baiano Parangolé, para tentar justificar a INJUSTIFICÁVEL tentativa de um setor da direção do PSOL, composto entre outros, pelo MTL, a corrente de Martiniano e o MES, corrente de Luciana Genro e Roberto Robaina e da qual Kenzo é militante, de apoiar a candidata dos verdes desbotados do PV, Marina Silva. Como muito bem sabe Kenzo, o PV é o Partido do Zequinha Sarney que além de ser o presidente do PV do Maranhão ainda faz parte da executiva nacional do PV.
O que o companheiro Kenzo, fiel dançarino do Carimbó e do Brega, que são nossos ritmos paraenses, tenta esconder com suas palavras é que a tática defendida pelo MES e MTL de que o PSOL apoiasse a candidatura Marina Silva do PV, fiel dançarina dos ritmos neoliberais tocados por FHC e aprofundado por Lula, foi sumariamente derrotada pela militância do P-SOL que garantiu a proposta do lançamento de candidatura própria de nosso partido. O que Kenzo não fala é que a nossa militância não aceitou cumprir o papel de “tripa” do Bumba meu Boi maranhense, personificado na figura do senhor Zequinha Sarney, presidente de PV no Maranhão, por coincidência filho do corrupto pai José Sarney aliado de Lula. Para quem não sabe, “tripa” no boi bumbá é aquele trabalhador que carrega os bois nas costas e faz ele dançar e encantar as platéias. O trabalhador dançarino está sempre oculto e sua arte será aplaudida, mas no final, infelizmente quem vai capitalizar os benefícios políticos e econômicos do espetáculo será o dono do Boi. No Maranhão o dono dos Bois e das boiadas é a oligarquia dos Sarney’s com quem o nosso partido não pode se aliar jamais.
Kenzo afirma em seu artigo: “após encerramento de diálogo com Marina, que recusou ser o contraponto e preferiu apostar num “realinhamento” que una PT e PSDB, proposição coerente programaticamente para ambos, mas que talvez perca a coerência se Marina encarnar a unidade, visto que ela poderia desafinar o tom neoliberal. Por isso, o PSOL busca um candidato que lute sozinho contra os outros quatro e dê ritmo à esquerda em 2010, após a acertada tentativa de atrair Marina para a unidade contra o projeto hegemônico no Brasil, apesar de não ter dado samba”.
O que Kenzo não fala é que, quem recusou ser a candidata representando o contraponto ao PT e ao PSDB nas eleições de 2010, foi a companheira Heloisa Helena, ao não aceitar ser a nossa candidata a Presidência da República, ao decidir se lançar como candidata ao Senado por Alagoas. Decisão por sinal apoiada pelos dirigentes do MÊS para os quais a “conjuntura adversa” não justificaria trocar quatro anos no senado por três meses de campanha! O PSOL, na Frente de esquerda com PSTU e PCB levou a candidatura de Heloísa Helena a atingir mais de sete milhões de brasileiros, justamente porque o PSOL e Heloisa encarnaram nos corações e mentes de milhões o desejo de lutar e derrotar a falsa polarização PT versus PSDB nas últimas eleições presidenciais de 2006. Portanto a candidata natural para os trabalhadores brasileiros, e com potencial de apoio popular que apareciam nas pesquisas desde 2008 com uma média entre 12 a 15% era, sem sombras de dúvida, a companheira Heloisa Helena, o que refletia o contraponto real ao governo Lula e aos seus parceiros do PSDB e seus aliados e cúmplices do PV, PMDB, PTB, PP e outros mais.
Kenzo, seguindo a mesma justificativa do MÊS e do MTL, afirma que foi acertada a tentativa de atrair Marina, “visto que ela poderia desafinar o tom neoliberal” do PT e PSDB. Quando todos sabem que o seu novo partido o PV, foi e continua sendo aliado do PSDB, como também é aliado do PT e faz parte do governo Lula. Como todos sabem também é que a própria Marina sempre se declarou favorável ao Plano Real de FHC e de sua continuidade de aplicação no governo de Lula
Se a companheira Heloisa abriu mão de sua candidatura, o que discordamos e lamentamos, nós saímos à luta em defesa da tese da candidatura própria, em conjunto com os apoiadores da candidatura do companheiro Plínio de Arruda Sampaio. Enquanto isso Heloisa, Luciana, Robaina, Martiniano, o MES e o MTL defendiam a tese de que nossa candidata deveria ser a senadora Marina Silva do PV.
O que mais lamentamos é que a companheira Heloisa, a partir do segundo semestre de 2009 começou a dar declarações favoráveis à candidatura de Marina para a presidência da República, independente de qualquer posição partidária, o que obviamente promoveu uma transferência de milhões de prováveis eleitores de Heloisa para a candidatura de Marina. Por isso se explica que Marina tenha passado de 3% de intenções para 8%.
A direção majoritária aprovou contra os nossos votos, uma comissão para continuar o diálogo com o PV e Marina. Já a primeira reunião realizada em Brasília fracassou, pois quem estava na delegação do PV era logicamente, um dos seus mais importantes dirigentes, Zequinha Sarney. A delegação do PSOL, apavorada e com medo de Heloisa Helena aparecer na foto ao lado de tão sinistra figura, preferiu se esconder e adiar a famosa reunião entre os dois partidos!! Eles mesmos tiveram vergonha de defender sua política “experta” de “alianças amplas”!
Explica-me Kenzo qual o ritmo e o nome desta dança. Já te imaginastes dançando em um palanque em São Luís, o Bumba Meu Boi na companhia do Zequinha.? Ou então qual seria o samba ou o funk que irias dançar ao lado do Cesar Maia do DEM ou do vice do Gabeira que é do PSDB no Rio de Janeiro?.
Em São Paulo imagino que dançarias uma dança fúnebre com o Serra e FHC, ao lado do secretário do PV no governo do PSDB ou uma música dos trapalhões com o Kassab do DEM em companhia do secretário municipal do PV.
Logo após essa reunião o PV lançou a candidatura ao governo do Rio de Janeiro, anunciou que seu vice seria indicado pelo PSDB e o DEM declarou apoio à chapa PV/PSDB. Com essas declarações de Gabeira a direção majoritária do PSOL, demonstrando indignação com a notícia encontrou a justificativa para “encerrar a negociação com o PV”, negociação que nos fatos tinha se encerrado graças à rebelião de setores da direção e da base do partido.
Admira-nos que a direção majoritária desconhecesse que o PV no Rio de Janeiro foi parte do secretariado do Cesar Maia, como hoje faz parte dos governos de Cabral e de Eduardo Paes. Admira-nos ainda mais que a direção majoritária do P-SOL não soubesse que já nas eleições municipais de 2008 o Gabeira teve como vice-prefeito em sua chapa, um membro do PSDB.
Frente a esta realidade, os companheiros do Bloco pró Marina tiveram que se re-localizar e lançaram a pré-candidatura de Martiniano à presidência da república.
Mesmo tendo apoiado e assinado o manifesto em apoio a Martiniano, na mesma semana, a companheira Heloisa deu as seguintes declarações ao site Primeira Edição no dia 26 de janeiro:
“Quero deixar claro que todo o respeito, admiração e amizade que tenho por Marina estão preservadas. Ela é competente, honesta, sensível e absolutamente preparada. Torço muito para que ela seja eleita”. Heloisa ainda afirmou que: “Onde Marina entender que eu posso ajudar, com minha experiência, na construção do programa, vou contribuir, especialmente em segurança pública, saúde e educação” (Primeira Edição do dia 26 de janeiro publicado a partir de Alagoas, sob o título: Heloísa Helena lamenta fim de negociações com o PV)
Espero que a companheira Heloisa já tenha feito autocrítica dessas declarações e que realmente assuma o apoio a candidatura do PSOL que será decidida na Convenção Eleitoral de abril, seja ela qual for: P
línio, Martiniano ou Babá.
Outras das acusações de Martiniano é que a minha candidatura se esconderia por trás de uma postura estridente e sectária pouco compreensível para as amplas massas.
O interessante companheiro Kenzo, é que Martiniano nem sequer foi criativo em seus argumentos. Não esqueça como Heloisa, Luciana, João Fontes e eu fomos tratados em 2003, quando nos enfrentamos, denunciamos e votamos contra da Reforma da Previdência. Lula e Zé Dirceu nos atacavam utilizando as mesmas palavras hoje utilizadas por Martiniano para atacar minha candidatura: estridentes e sectários. Aqui Kenzo, a direção majoritária repetiu o velho ritmo do samba-canção.
Para completar, Kenzo, no seu afã de desacreditar minha candidatura e a do Plínio, afirma: “A impressão é que tanto Babá quanto Plínio teriam o mesmo ritmo, como Byoncé, Parangolé e Psirico”.
Kenzo tem razão quando afirma que tanto Plínio como Babá teríamos o mesmo ritmo. Em que pese a continuar tendo importantes divergências com aspectos da política de Plínio, realmente estivemos no mesmo ritmo num ponto que consideramos FUNDAMENTAL, a defesa da candidatura própria do PSOL, em conjunto com a base partidária. Com certeza também estamos no mesmo ritmo que Plínio para derrotar aqueles que foram contra a candidatura própria e tentaram lançar o PSOL nos braços do PV. Estamos também no mesmo ritmo que Plínio na construção da nova central de trabalhadores a ser criada em junho de 2010 no CONCLAT.
Vamos tratar de outro assunto que nos interessa bastante que é o tal mito dos fundacionais que defendem o PSOL das origens.
Inicialmente iremos analisar mais uma exaltação de Kenzo a seu candidato. Kenzo vai ao ápice do endeusamento de seu grand-mestre quando afirma:
“Martiniano, assim como Heloísa, é mestre na arte de transformar fraqueza em força através da política, como ficou provado na cruzada heróica que coletou 500 mil assinaturas para legalizar o PSOL e sofreu resistência de muitos setores da própria esquerda. Esse núcleo fundador sabe a responsabilidade de construir um partido para dialogar com as massas e não apenas com setores vanguardistas e intelectualidade”.
Menos Kenzo, mais humildade e respeito com os milhares de militantes de todas as correntes que se jogaram com toda garra nas ruas, nos locais de trabalho e estudo para garantirem a heróica coleta de mais de 500 mil assinaturas que permitiu a legalização de nosso partido, em tempo Recorde em 2004. Mas para Kenzo, no afã de enaltecer ainda mais o seu candidato, afirma que os únicos responsáveis pela construção e legalização do PSOL foram Martiniano, Heloisa e o “núcleo fundador”, e que, portanto, são os únicos que tem “a responsabilidade de construir um partido para dialogar com as massas e não apenas com setores vanguardistas e intelectualidade”.
AFINAL QUEM QUER MUDAR A CARA DO PSOL?
Tanto Kenzo, como Martiniano ou Robaina nos acusam de querer impor um perfil antagônico ao que ele teve até agora. Pois bem vamos demonstrar com alguns fatos da realidade, que a direção majoritária é a verdadeira interessada em mudar as características originais de nosso partido, senão vejamos:
Foi justamente a partir das eleições municipais de 2008 que por decisão isolada dos membros da direção majoritária, o PSOL fez alianças com partidos burgueses da base do governo Lula, o que fere de morte os estatutos fundacionais de nosso partido. Você não pode esquecer-se companheiro Kenzo, que nas eleições para a prefeitura de Porto Alegre, os companheiros do MES e do MTL decidiram fazer aliança com o PV de Zequinha Sarney, para apoiar a candidatura da companheira Luciana Genro para prefeita. Como diz o ditado popular: “o hábito do cachimbo deixa a boca torta”. Foi a partir dessa aliança em Porto Alegre, que os companheiros do MES e MTL acharam que seria natural o PSOL fazer aliança com o PV para apoiar a candidatura de Marina Silva do PV.
Mas também foi nas eleições municipais de Porto Alegre de 2008, que os companheiros do MES cometeram outro ataque às bases fundacionais de nosso partido, ao receberem doações para a campanha eleitoral da companheira Luciana Genro, de empresas multinacionais com a GERDAU e a TAURUS.
Qual será o nome do ritmo lançado pelos companheiros nas eleições municipais? Eu diria que o nome mais adequado para esse novo ritmo é entregation, no qual os companheiros rebolaram fora do ritmo para entregar os princípios de fundação do nosso partido. Mas felizmente agora a base partidária reagiu e derrotou a aliança com o PV e jogou na lata do lixo o ritmo do entragation. Temos agora o desafio de impor o verdadeiro ritmo que nossos militantes vão ter orgulho de bailar nas próximas eleições presidenciais: o ritmo de uma forte Frente de Esquerda, com os companheiros do PSTU e PCB, assim, poderemos iniciar e divulgar um ritmo dos trabalhadores, um ritmo que podemos batizar de lutation. Esse ritmo será comandado pelo candidato a ser escolhido na Convenção em abril, e estará presente em todas as greves, em todas as lutas e na campanha eleitoral.
Por tanto companheiro Kenzo, tanto o rebolado da Beyoncé como o rebolation do Psirico, também continuarão a ser dançados pelo povo brasileiro, mas com toda a certeza o ritmo que fará sucesso em 2010 será o lutation, pois com nossas lutas e com nossa campanha eleitoral iremos enfrentar a falsa polarização entre PT e PSDB e a sua linha auxiliar do PV.
VAMOS À LUTA COMPANHEIROS!
A CANDIDATURA PRÓPRIA FOI VITORIOSA!
Babá
Pré-candidato à presidência e membro da direção nacional do PSOL