Kassab continua no cargo, mas o recurso que o mantém na cadeira de prefeito ainda será julgado. Oito vereadores também foram cassados – cinco do PT, dois do DEM e dois do PSDB. Kassab fica no cargo até que o tribunal regional se pronuncie – o que pode levar três meses. Enquanto isso, só a mobilização popular pode fazer de fato com que Kassab seja cassado. Na quinta, dia 25 de fevereiro, o PSOL estará em frente a prefeitura defendendo a cassação de Kassab.
A decisão do juiz eleitoral Aloísio Sérgio Rezende Silveira foi acertada e combate um grave dano à disputa eleitoral, o financiamento privado e ilegal das campanhas eleitorais que distorcem as disputas e favorecem os interesses do poder econômico nas eleições. Para se ter uma idéia deste poder, a prefeitura de SP gasta R$ 470 milhões com empresas que doaram a Kassab. É a mão do Estado restituindo com lucros super ampliados a custa do povo o “investimento” que as empresas fizeram durante a campanha eleitoral.
Uma das motivações da cassação do Kassab é a doação da Associação Imobiliária Brasileira (AIB), entidade de fachada do Secovi, sindicato do setor imobiliário, que por se tratar de uma entidade sindical está proibido por lei de fazer doações eleitorais. As outras são empreiteiras que são concessionárias de serviços públicos e o Banco Itaú que simplesmente é o banco que detém a conta da folha de pagamento dos servidores municipais. Só a AIB doou de forma irregular R$ 10,6 milhões em 2008.
A defesa de Kassab diz que o problema é técnico e não moral ou político. Ora, mais uma vez tentam fazer o financiamento privado com interesses claros de se beneficiar da administração pública passar incólume pela crítica. Isso é muito fácil já que a grande imprensa defende esse modelo e praticamente todos os partidos usufruem dessa estrutura. Haja vista que a lista dos vereadores cassados, agora e em setembro de 2009 incluí DEM, PSDB, PT, PV e PR.
Isto é o que motiva também o PT de se aliar com o PSDB e o DEM contra uma decisão do TSE que proíbe as chamadas doações ocultas nas campanhas eleitorais. A decisão do TSE na resolve o problema do financiamento privado, mas o torna ao menos mais transparente e possibilita ao eleitor um controle maior de quem financia quem.
Mídia governista não fala nada sobre os vereadores do PT cassados
Acostumados a desancar os demo-tucanos privatistas e protegidos pela mídia golpista. No que concordamos. Os chamados blogues independentes (que de independentes têm muito pouco tal seu alinhamento cego e acrítico ao governismo), não publicaram uma só palavra sobre a cassação dos vereadores petistas.
Também não falaram nada sobre a estranha decisão do mesmo juiz de estipular uma linha de corte, no caso de 20%, para as doações ilegais. Nessa Marta e Alckmin escaparam de terem rejeitadas suas contas de campanhas e verem seus direitos políticos cassados.
Veja aqui quem são os vereadores cassados. Ao todo já são 24 dos 55 vereadores que compõem a Câmara Municipal. Quem foi cassado na semana passada: Marco Aurélio (DEM), com 52,3% de doações irregulares, José Police Neto (PSDB) com 40,7%, Gilberto Natalini (PSDB) com 35,2%, Antonio Donato (PT) com 28,8%, Arselino Tatto (PT) com 23,2%, Italo Cardoso (PT) com 22,6%, José Américo (PT) com 22,6%, Juliana Cardoso (PT) com 21,2%.
Arte do jornal Folha de S. Paulo