Matéria do G1
General indicado para ocupar vaga no STM disse que é contra homossexuais ocuparem cargos de comando nas Forças Armadas.
Uma declaração provocou protestos e muitas reações em Brasília. Um general indicado para ocupar uma vaga no Superior Tribunal Militar disse que é contra homossexuais ocuparem cargos de comando nas Forças Armadas.
A declaração foi feita durante a sabatina do general em uma comissão do Senado. A indicação foi aprovada em primeira votação, mas isso pode mudar.
A frase que tanto deu o que falar: “O individuo, ele não consegue comandar o comando, comando principalmente em combate, tem uma série de atributos e um deles é esse aí: o soldado, a tropa, fatalmente não vai obedecer”, disse o general do Exército Raymundo Nonato de Cerqueira Filho.
A tropa não obedece homossexuais?
“A declaração é um retrato de como as Forças Armadas precisam, urgentemente, ser democratizadas, precisa ser rediscutido o seu papel, a sua forma de composição”, destacou Andressa Caldas, do Fórum de Entidades Nacional de Direitos Humanos.
“É um tema que eu sei bem que os militares do Brasil terão dificuldade de lidar, mas é preciso abrir a cabeça e avançar. Separar a livre escolha de orientação sexual do exercício da função profissional”, comentou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
A OAB reagiu: “Uma declaração lamentável. A defesa do país tem que ser feita por homens e mulheres independentemente da opção sexual”, diz a nota.
A afirmação foi feita aos senadores que votavam a indicação do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho ao Tribunal Superior Militar. Na hora, a declaração não pareceu grave. Tanto que os senadores da Comissão de Constituição e Justiça aprovaram a indicação do general por unanimidade. Mas para se tornar ministro do Tribunal Militar, o nome dele ainda tem que ser confirmado em votação secreta no plenário.
Para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a frase do general não tem esse peso todo. Ele disse que a presença de homossexuais nas Forças Armadas é um assunto que está em discussão no governo: “Nós estamos abrindo o debate no Ministério da Defesa, evidentemente que essa manifestação feita pelo general que foi inquirido no Senado para o Supremo Tribunal Federal, não está no STM, não influenciará nos debates internos porque isso não diz respeito à competência do tribunal a que ele agregará”.
Sargento do Exército e homossexual assumido, Fernando Figueiredo diz que foi vítima de preconceito. Ele responde a processo por ter tornado público o romance com outro militar: “O grande general dos generais, que foi Alexandre, o Grande, foi completamente feliz em tudo que ele fez, porque todos os soldados o seguiam”.